Vejo as
pessoas lááá embaixo, tão distantes e pequenas. Formigas urbanas caminhando em
filas, voltando do trabalho que realizam automaticamente sem questionar. O
amontoado de prédios ao longe mostra que não há mais espaço pra respirar. O
horizonte também é delimitado pelos contornos da serra, sinuosos como se
tivessem sido desenhados pela mão de uma criança. Congestionado, o trânsito contrasta com a livre passagem das nuvens no céu. Mas há dias em que ambos trabalham
juntos, carregados, nuvens de chuva produzindo um mar de carros.
A fumaça
escura aparece de repente, deixando turva a visão da realidade que ficou por
trás. Há fogo em algum lugar e o cinza da fumaça se mistura aos prédios de
concreto, confundindo-se com a poluição.
A lona de
circo ao longe deixa a sensação de que nem tudo é ferro e fogo na cidade. Mas
onde estão os palhaços?
Há vida no
trator que parece dançar ao abaixar e levantar suas pás, ao som de motores
frenéticos e do trem. Mas quem dança de verdade são as sacolas plásticas, ao
sabor do vento.
Até no caos
da vida urbana encontra-se poesia cotidiana, um alento.
0 perdidos por aqui:
Postar um comentário