quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Dente-de-leão

Onde quer que eles passassem, a flor sempre aparecia. Branca e redonda como algodão. Eles a arrancavam da terra e sopravam juntos, vendo os fiapos brancos dispersarem-se no ar. Às vezes o próprio vento fazia o trabalho, antes mesmo de soprarem. Em questão de segundos, o que era flor estava desfeito.

Nada é mais irônico do que dente-de-leão: nome forte pruma flor tão frágil. Que se desfaz à menor brisa. Assim como alguns relacionamentos. Talvez por causa disso eu e ele tenhamos confundido a fragilidade da flor com a do amor, o arrancamos da terra firme e sopramos, vendo as lembranças voarem em mil pedaços ao sabor do vento.  Quando percebemos, era tarde. Em segundos, o que era amor estava desfeito.

Há coisas que se desfazem com um sopro. E talvez seja essa a função do dente-de-leão no mundo: mostrar a efemeridade das coisas. Lembrando que sempre nascerão outras flores, basta saber o tipo de semente que se tem em mãos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Relatividades

Lá pelas tantas da madrugada, foi jogar uns papéis no lixo quando se deu conta de uma luz forte do lado de fora. Abriu o vidro da janela e, assustada, viu q a luz era rosa, forte e provinha de um objeto voador estranho, que levantava voo e propagava uma rede de luz gigantesca, a qual piscava freneticamente ao seu redor. Foi correndo pegar a câmera, mas assim q ligou, a luz do objeto voador foi desligada. Como se tivessem percebido. Desolada, voltou para a sala e recomeçou a guardar umas maquiagens dentro da bolsa, coisa q fazia antes de avistar o tal disco voador no céu. De repente, se deu conta da futilidade de sua situação: “Eu aqui, me preocupando em guardar maquiagens, enquanto coisas muito mais avançadas acontecem no universo!”. Ficou um tempão parada, olhando pro nada e entendendo tudo. Percebeu como as preocupações do ser humano são fúteis diante da grandiosidade do universo. Que ela nunca iria desvendar.
 
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