quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Dente-de-leão

Onde quer que eles passassem, a flor sempre aparecia. Branca e redonda como algodão. Eles a arrancavam da terra e sopravam juntos, vendo os fiapos brancos dispersarem-se no ar. Às vezes o próprio vento fazia o trabalho, antes mesmo de soprarem. Em questão de segundos, o que era flor estava desfeito.

Nada é mais irônico do que dente-de-leão: nome forte pruma flor tão frágil. Que se desfaz à menor brisa. Assim como alguns relacionamentos. Talvez por causa disso eu e ele tenhamos confundido a fragilidade da flor com a do amor, o arrancamos da terra firme e sopramos, vendo as lembranças voarem em mil pedaços ao sabor do vento.  Quando percebemos, era tarde. Em segundos, o que era amor estava desfeito.

Há coisas que se desfazem com um sopro. E talvez seja essa a função do dente-de-leão no mundo: mostrar a efemeridade das coisas. Lembrando que sempre nascerão outras flores, basta saber o tipo de semente que se tem em mãos.

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