sábado, 26 de setembro de 2009

Olhar sem molduras

Como postar no blog quando infinitos trabalhos da faculdade e provas me impedem? Juro que em meio a tantas responsabilidades, sinto uma vontade louca de correr pra escrever aqui! E agora terei menos horas livres: consegui um estágio na minha área. Posso não ter tempo, mas tenho algo mais valioso: felicidade, por estar fazendo o que eu gosto. =)

E sabe, nem vou reclamar dos trabalhos da facul. Semana passada fui ao MASP (Museu de Arte de São Paulo) fazer um deles e tive uma experiência intressante.

Tinha que analisar uma obra do acervo permanete do Museu. Andei um tempo por lá, quando me chamou a atenção um quadro com duas crianças destacadas num fundo escuro. Pronto, era esse que eu iria analisar! "O Duque de Berry e o Conde de Provença Quando Crianças", pintura de François-Hubert Drouais, feita em 1757.

Peguei um bloco de anotações e comecei a escrever as impressões que eu tinha ao olhar pra obra. Mas isso foi se tornando cada vez mais intenso e eu não conseguia mais parar de escrever! Não sei por que, mas analisar este quadro me fez pensar em tantas interpretações possíveis que eu mal conseguia controlar as idéias! Por algum motivo achei que, para o artista, o Conde tinha uma posição superior ao Duque, já que ocupa mais espaço na obra, a cor de suas roupas são mais chamativas, o tecido parece ser melhor e seu olhar passa uma impressão de superioridade e segurança, ao contrário do Duque, cujo olhar é imaturo, é mais baixo que o Conde e se apóia nele com uma das mãos. Sem falar que o Conde segura uma cesta de frutas e possui mais adornos na cabeça. Sim, ele era mais importante. Fiquei até com dó do Duque! Tadinho...

Se fantasiei demais não sei, mas de algum modo essa obra conseguiu produzir em mim sentimentos e deduções que nem sei de onde tirei! Olhando a figura do quadro aqui, na tela do computador, não dá pra ver os detalhes. Mas no museu você percebe que o artista era TÃO bom no que fazia, que ao olhar as roupas das crianças, dá a impressão de não é tinta que tem ali, nas vestimentas, mas seda e veludo, com os adornos em relevo, como se pudessem ser sentidos ao toque! Achei isso uma perfeição extrema! Por instantes senti vontade de tocar no quadro pra ver se não era tecido mesmo! Hahaha! E então recordei a explicação sobre Catarse que um professor deu em aula: segundo ele, a catarse ocorre quando você tem um envolvimento emocional muito intenso com alguma coisa (uma tragédia grega ou obra de arte, por exemplo) e acaba exteriorizando suas emoções por causa disso. Era exatamente o que havia ocorrido quando analisei o quadro! Caramba, o artista tem que ter um dom MUITO divino pra conseguir arrancar sentimentos com sua obra! Ou será a arte por si só a responsável? Não sei. Só sei que pela primeira vez eu 'senti' uma obra de arte. E isso é incrível. Criei uma nova forma de me relacionar com a arte e passei a vê-la com outros olhos: os do coração.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Porque quis

Não fui pra faculdade hoje. Tá frio, chovendo e eu ainda estou em ritmo de final de semana. Por isso preferi passar o último dia de inverno em casa. Raramente falto às aulas, mas às vezes sinto necessidade disso pra poder colocar em dia as matérias, leituras e alguns afazeres caseiros. Em três horas e meia que eu estaria sentada na sala de aula (provavelmente com a atenção vagando pela Lua, como sempre), fico em casa e posso adiantar os trabalhos, ler livros que abandonei e escrever aqui. Vale a pena.

Engraçado é que, quando criança, muitas vezes eu faltava na escola por pura preguiça e quando no dia seguinte perguntavam por que eu havia faltado, morria de vergonha de falar a verdade! Eu ficava horrorizada só de pensar que meus coleguinhas podiam descobrir que faltei porque quis. Magina, o que pensariam de mim? Que eu era uma preguiçosa! Então, eu inventava umas desculpas bem esfarrapadas do tipo "faltei porque tava doente" ou "faltei porque perdi o horário". "Faltei porque quis"? JAMAIS!!

Mas, um belo dia, fui desmascarada em flagrante. Eu estava na primeira série e havia faltado na escola pra passear com minha mãe e fazer compras. Tava toda feliz, voltando a pé pra casa cheia de sacolas na mão quando, de repente, a perua escolar passou justamente na rua em que eu estava! No veículo havia váários colegas de sala que voltavam da escola e me viram lá, passeando toda bela e folgada. Através das janelas da perua, gritavam meu nome e perguntavam: "Por que você faltou hooje???" - gerando um crescente desespero em mim, que fiquei mais vermelha que uma pimenta e apenas lancei um sorriso amarelo pro pessoal. Isso durou poucos segundos, já que a perua escolar passou por mim e foi embora. Mas foi o tempo suficiente de me verem lá e, o pior: descobriram que faltei pra passear. Ou seja, porque quis. E sim, porque era preguiçosa.

É, a mentira tem pernas curtas. Hoje dou boas risadas lembrando desse episódio e vejo como eu era bobona, com medo de descobrirem porque faltei. Criança tem cada uma... e o que mudou na minha vida depois daquele dia? NADA. Ninguém me tratou mal ou me trancou numa cela escrito "VAGAL" por ter faltado porque quis. Ninguém.

A gente cresce e vai ficando "sem-vergonha". Hoje em dia o "faltei porque quis" torna-se uma constante, na medida em que o tempo, a rotina e o cansaço exigem que você tire algum descanso. Hoje é a coisa mais normal do mundo faltar à aula porque está cansado, precisa fazer outras coisas, ou simplesmente pra tirar uma folga da rotina. E foi o que fiz hoje. Sem o mínimo receio de que alguém me pergunte amanhã por que faltei, tanto porque ninguém tá nem aí pra isso.

Não puxei os genes da minha vó. Quando ela faltava à escola e no dia seguinte perguntavam por que, ela respondia: "Não interessa!". Me divirto demais com essa história! Por mais que a resposta dela tenha sido mal educada, não deixa de ter razão. E ela foi sincera (em excesso, mas foi).

O que importa não são os porquês, e sim os para quês. A pergunta deveria ser assim: Para quê você faltou ontem? - A gente sempre falta pra fazer alguma outra coisa (mesmo que seja nada). Hoje faltei para tirar um tempo pra mim, fazer o que gosto e descansar um pouco da correria. Porque quis.

domingo, 13 de setembro de 2009

Que venham os 23!

Ontem fiz 23 anos. E, diferentemente dos anos anteriores em que me achei velha e tals, dessa vez achei normal! Tá bom vai, confesso, não achei tão normal assim. Na verdade achei estranho fazer 23 anos. Por que estranho? Sei lá, demora pra gente se acostumar com a nova idade! Engraçado é que, desde criança, sempre tive duas idades: a real e a da aparência. Não aparento ter mais de vinte nem aqui nem na China! Sempre fui do estilo mignon, baixa e magra. Hoje em dia praticamente todo mundo que conheço me diz que aparento ter 16 anos. Bom ou ruim? Depende do ponto de vista. É ótimo, claro, aparentar ser mais nova e tals, ainda mais quando se passa dos vinte. Mas às vezes enche o saco ter que mostrar a identidade em tudo quanto é canto, em baladas, pra comprar bebida no supermercado, entre outras. Enfim. Hoje em dia já estou acostumada com isso, acho engraçado até.

Mas, incrível como em TODO aniversário eu pago algum mico, faço alguma besteira, algo dá errado ou simplesmente acontece alguma coisa bizarra! É marca registrada dos meus aniversários! E ontem não foi diferente. Ganhei uma cartinha LINDA da Aline e, pouco depois, quando entramos no ônibus, eu, que estava com trocentas coisas na mão, deixei cair a carta em algum lugar que não vi, para o meu desespero geral quando fui procurar mais tarde e não achei. Péssimo! Me senti uma idiota, pedi desculpas mil vezes e, depois disso, percebi que por mais que os anos passem e eu fique mais velha, continuo a mesma pessoa avoada e estabanada de sempre. Esquecendo o que devo fazer, derrubando objetos, tropeçando na rua, perdendo minhas coisas por aí e principalmente, sendo distraída e vivendo no mundo da Lua sempre, sem a mínima atenção às coisas que faço. Juro, eu deveria instalar no meu cérebro uma placa fluorescente, com letras piscando em neon, com os dizeres: "ATENÇÃO! ATENÇÃO!". Mas, enquanto não inventam tecnologias avançadas como essa, me contento com o velho semancol.

A cada aniversário que passa a gente adquire novas qualidade (e defeitos também). Meu desejo de aniversário desse ano foi ser menos desligada daqui pra frente (e aí você me diz 'que desejo mais idiota!'). Sim, concordo, bem idiota! Mas preciso disso mais do que qualquer outro objeto material ou realização pessoal.

Tirando isso, meu aniversário foi ótimo! Rodeado das pessoas que mais amo, mensagens e ligações daqueles que são essenciais na minha vida. Dia de aniversário é mágico, sempre. Você olha a data e sabe que ela é sua, sente uma felicidade inexplicável, o coração bate mais rápido. O que os 23 anos me reservam não sei, mas vou aproveitá-los da forma mais intensa possível! Seja com falta de atenção ou não.
 
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