domingo, 14 de março de 2010

Platônico

Peguei o dicionário pra procurar uma palavra e, sem querer, abri na página em que estava outra, logo no topo: PLATÔNICO. E justamente quando estava vivendo um amor desse tipo. Isso aconteceu de verdade e eu levei um susto. Parecia um sinal. Até o dicionário queria me mostrar que aquilo que eu sentia (há muito tempo) não podia ser real. No fundo eu já sabia. Só não queria acreditar.

Dizia Platão que, no mundo das idéias, estão todos os conceitos perfeitos. E, a partir do momento em que se concretizam no mundo real, perdem a perfeição. Daí vem a definição de "amor platônico", idealizado, que não pode acontecer. Mas vai explicar isso pro meu coração! Ele não quer saber quem é Platão, muito menos se a distância, o tempo e as circunstâncias impedem duas pessoas de ficarem juntas. Ele simplesmente quer. E quer agora. Sem saber que está jogando sozinho uma partida de squash, ao lançar a bola (no caso, o sentimento), e apenas vê-la bater na parede e voltar (às vezes bem na sua cara, provocando dor).

Semanas, meses e anos jogando sozinha, enxergando o imenso muro de Berlim que me separa dele, me sentindo como o mar, que reflete o céu sem poder tocá-lo.

Fechei o dicionário sem olhar o significado de platônico. Eu não havia escolhido abrir naquela página, da mesma forma que não escolhi gostar daqueles olhos frios que ainda invadem os meus sonhos. Que eu posso fazer se ele entrou pela porta sem avisar e perdeu a chave pra sair?


 
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