domingo, 24 de outubro de 2010

Entre partidas e chegadas

Seguindo a brincadeira proposta pelo blog Rumo à Escrita, fui indicada pela Angela, do blog Entemeios, para dizer o que me deixa mais feliz entre partidas e chegadas. Então, vamos lá!

O que me faz realmente feliz, entre partidas e chegadas, é saber que há um percurso no meio. Desconhecido no começo e nem sempre fácil. Mas com muitas surpresas, pessoas por conhecer e situações que te fazem conhecer a si mesmo. Num relacionamento amoroso, a melhor parte é a paquera, a conquista. Vai dizer que não? Porque antes a gente não tem a pessoa e depois que tem, se acomoda. Ao ler, o melhor é se envolver na história, sem se preocupar com o final. Numa longa viagem, o mais interessante é poder admiriar a paisagem do trajeto. Na própria vida, independetemente de quando você chegou ao mundo ou quando partiu, se acordou de bom humor ou se foi dormir bem, o que vale é o que viveu entre estes dois momentos. E se soube vivê-los intensamente. Sendo assim, pra que tanta pressa? Se a beleza está no percurso?

Como diria Guimarães Rosa,

o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia.


Agora, vamos às regras do selo:

1- Copie e cole o selinho na sua postagem.

2- Conte-nos o que lhe faz feliz, entre partidas e chegadas, simples assim!

3- Conte quem lhe presenteou, se possível adicionando o link para o blog.

4- Indique ao menos 5 blogs para receberem o carinho e avise-os, para que eles possam continuar a brincadeira. Podem ser mais, claro, o importante é provocar a ideia naqueles que lhe visitam!

5- Volte aqui e avise se já está participando, nesse mesmo post.
 

Meus indicados:
 
Love in Chains
 
Fotos, Poesias e Emoções

Diário de um Mininu Nu
 
Entre um Café e um Bate-Papo
 
Garota Interrompida

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Flores e trovões

Era sempre assim: bastava ela sair de casa pra começar a chover. E naquela noite não foi diferente: já estava no meio do caminho quando a tempestade começou. Balbuciou alguma reclamação ou xingamento inaudível, abriu o guarda-chuva e continuou a andar, observada pelos motoristas parados ao farol. Sentiu inveja por terem um teto onde se abrigar. “Pelo menos não tenho trânsito no meu caminho! Rá!” – pensou, triunfante.

Mas logo foi atingida por uma rajada de vento que revirou todo o seu cabelo e molhou sua roupa, destruindo em segundos a produção que levara meia hora fazendo em casa. Por isso é que ela sempre se sentia feia, desarrumada e estabanada em dias de chuva! Era como um banho violento seguido de um secador enfurecido (o vento). Na chuva as pessoas perdem a vaidade. É inevitável.

E assim prosseguiu, se assustando com os raios, com pressa e sem um fio de cabelo no lugar. Mais pra frente viu uma mulher escorregar naqueles ralos de ferro da calçada e cair de costas no chão, soltando um “porraaa!” enfurecido que ecoou pela avenida movimentada, seguido do riso de algumas pessoas que se aproximavam para ajudar. Quanto caos! Quanta irritação! Quantos guarda-chuvas no caminho pra desviar!

Ah, como ela detestava chuva! Por mais que soubesse que era essencial ao planeta e coisa e tal, não podia deixar de se revoltar com os estragos que ela provocava: enchentes, deslizamentos, gripes, escorregões, quedas, programas legais com a turma desmarcados e por aí vai. Chegou à faculdade como um cachorro molhado. Não prestou atenção à aula, evitou o olhar do rapaz e deixou de tomar o sorvete de sempre. Tudo porque choveu.

Choveu, quando ela queria apenas a beleza e a cor da Primavera. Não era possível. Toda estação tem suas flores e trovões. E como era difícil lidar com a parte dos trovões.

(Imagem retirada do Google)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Não se importam

Levei muito tempo pra perceber que eles simplesmente não se importam. Não se importam se fazem tudo errado, muito menos se não fazem nada. Não ligam se dão a palavra num dia e se esquecem dela no outro. Não faz diferença a eles se alguém se importa com sua ausência, com sua presença muda, com seu olhar perdido. Mentem, omitem, inventam.                            

E fogem pelas escadas, enquanto eu pego o elevador. Sem saber que vão dar de cara comigo novamente, dois andares abaixo, quando a porta abrir.

Justificativas vãs, desculpas atrasadas. É tarde demais, o castelo de areia começa a ruir. A ilusão se desfaz. Suas interrogações constantes esbarram em meus pontos finais. E não há mais palavras. No lugar do sorriso, os lábios rachados com o tempo frio e chuvoso que eles provocaram ao se ausentar. Sem saber que, por trás da aparente indiferença, eu me importo. Por menos que eu queira, me importo.

(Imagem retirada do Google)
 
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