sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Fantasias

No ambiente escuro Vilma conseguia ver piratas, palhaços e mágicos. Todos passando ao seu lado naquela atmosfera onírica e estranha. Tão estranha que mal conseguia identificar os rostos que circulavam por ali, movendo-se com suas fantasias pelas portas de madeira em vai-e-vem, como as de saloon. Ela olhava por baixo de cartolas, máscaras e óculos escuros em vão, procurando-o sem sucesso. Era certo que o homem misterioso viria, só não sabia quando.

As horas avançavam e ela dançou, beijou e bebeu, sem sombra do que procurava ver. Mesmo com aquele mundaréu de gente, a festa parecia vazia sem ele. A música não parava e pessoas fantasiadas escorregavam e caíam nos degraus da escada que vinha lá de cima. Não ouvia barulhos nem conversas, apenas via cenas, como um filme antigo e mudo rodando à sua frente. Seu vestido branco iluminava o caminho e ela olhava para os lados a todo instante. Lá pelas tantas da madrugada, olhou para a esquerda e disse:

- Achei!

Era o rosto perfeito de cabelos castanho-claros surgindo na escuridão, iluminado pelas luzes coloridas que se alternavam na pista de dança. Sua mente tocou always something there to remind me, com todos aqueles sinos, mas não era essa a música ambiente. Ele estava sem fantasia, vestido como no cotidiano. “Comé que alguém vem sem fantasia numa festa à fantasia?”. Mistério.

Ele veio cumprimentá-la e Vilma ficou nas nuvens, sem dar bola para o fato de que apenas ela tinha fantasias. Ele não. Mas o cara possuía muitas máscaras. E isso ela só veio a saber depois.
 
Header Image by Colorpiano Illustration