quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sementes Cadentes

Abri a gaveta da cômoda e lá estavam elas: as três sementes. O porquê de estarem lá é uma história engraçada. Era uma noite de sexta-feira, em 2006. Saí do trabalho e fui com minha amiga (que hoje é casada e mora em Belo Horizonte) pra Paulista. Passamos no Pão de Açúcar da Consolação, compramos algo pra beber e ficamos sentadas na calçada duma rua de condomínios, onde sempre ficávamos conversando e vendo o povo passar (típico de quem não tem o que fazer!). Daí távamos lá quando, de repente, surge um senhor vindo não se sabe de onde, tira um punhado de sementes do bolso e, com um sotaque meio espanhol, diz que as sementes estão à venda. Mas, segundo ele, não eram sementes comuns: davam sorte e realizavam desejos! - HAHAHA, muito engraçado! – pensei, incrédula.

O tal “sementeiro” disse então que poderíamos dar qualquer quantia em dinheiro por três sementes, sendo um desejo pra cada uma. E que, após serem feitos os desejos, as sementes deveriam ser guardadas ou jogadas num rio. Enquanto ele falava, vi nele certa familiaridade com aqueles personagens de filme que são magos, feiticeiros e coisas do tipo, talvez pelo fato do cara usar barba grande, ter o cabelo já grisalho e tals. Sem falar no ar sinistro que ele tinha. Enfim. Eu tenho certo apreço por excentricidades, achei bem interessante essa história toda e resolvi comprar sim. Dei dois reais pelas três sementes. Minha amiga também comprou.

Cheguei em casa, fiz os pedidos, e como só conheço o Rio Tietê aqui perto (o que seria uma verdadeira crueldade com as sementes), guardei-as uma caixinha dentro da gaveta mesmo. E lá elas ficaram, esquecidas, abandonadas, sem uma única sombra de lembrança, solitárias, pegando poeira, durante anos. Muita coisa aconteceu na minha vida nesse tempo todo, muita coisa mudou, até o dia em que eu abri a gaveta e me assustei ao deparar com três sementes cinzas, com formato de cebola (sim, parecem cebolas em miniatura) lá. “Que isso??” – pensei, horrorizada. Incrível como eu não lembrava! Mas logo me veio à memória o “semeador” e eu lembrei de tudo. Na verdade, o que mais me surpreendeu não foi ter encontrado as sementes lá. E sim, ter me dado conta de que os meus três desejos foram realizados!! INCRÍVEL! Realizaram-se com o decorrer dos anos, aos poucos, lentamente, mas eu nem lembrava mais que tinha pedido essas coisas pra meras sementes compradas na rua a preço de banana!

Hoje essa história me surpreende, muito. Principalmente porque o que eu pedi não eram coisas simples de se conseguir. Não sei o que há nessas sementes com função de estrela-cadente. Juro que tem dias em que eu penso em plantá-las pra ver no que dá, hahahaha! Talvez resulte em um simples legume ou fruto transgênico. Talvez numa árvore. Vai saber. É um tipo de semente diferente, nunca vi até então. Mas uma coisa eu te digo: se você estiver na rua e do nada surgir um cara velho, com sotaque espanhol, vendendo sementes, NÃO PENSE DUAS VEZES PRA COMPRAR! Eu recomendo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Desencana!

Certas coisas na vida parecem ter uma determinada “lei” invisível por trás. Uma delas que venho aprendendo ultimamente é a “desencanar pra conseguir”. Já percebeu que as coisas só dão certo quando você não está se importando com elas? Seja um relacionamento, seja uma vaga de emprego ou até mesmo um problema aparentemente insolúvel: enquanto você busca desesperadamente por uma solução , corre atrás de algo (ou alguém) como louco, procura ansiosamente conseguir o que tanto quer, não dá certo. Mas basta desencanar e PLIM! Tudo se resolve, como num passe de mágicas! E, na maioria das vezes, de forma totalmente inesperada.

Parece até ironia, você alcança um objetivo quando nem se lembra mais que lutou tanto por ele; consegue algo com Fulano quando resolve desistir dele; consegue um emprego fabuloso quando não está mais desempregado. E por aí vai.
Isso tem acontecido muito comigo ultimamente. E aprendi que as coisas só vêm quando você não espera desesperadamente por elas. Quando não vive exclusivamente por elas. Quando você está bem consigo mesmo, despreocupado, não pensa em excesso e nem corre atrás com ansiedade. O melhor é deixar a vida correr e as coisas acontecerem naturalmente, no tempo em que elas têm que acontecer. É uma coisa tão simples e ao mesmo tempo tão difícil de perceber!

Clarice Lispector sabia das coisas quando escreveu: "Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir." ( in A Hora da Estrela). Sim, ela sabia.

Basta desencanar. Desbitolar. Despreocupar.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Clariceanas

Tudo começou com um gosto em comum: Clarice Lispector. E quatro blogueiras: Eu, Francine, Sara e Luciane. Nos conhecemos há algumas semanas e depois de uma longa reunião via msn resovemos pôr a idéia de um blog todo Clariceano em prática. Resultado? http://haia-lispector.blogspot.com/. Um pouco de Clarice, um pouco de nós.
Pra quem gosta de Clarice, pra quem tem interesse em conhecer seus escritos e também pra quem não faz a mínima idéia de quem seja, é só acessar.

Isso prova que a internet pode ser grande aliada de afinidades. =)

"Eu não escrevo por querer não. Eu escrevo porque preciso. Senão o que fazer de mim?"
(Clarice Lispector in "Um sopro de vida")

domingo, 5 de julho de 2009

The book is on the table

Acabou. Depois de anos e anos fazendo inglês, estou formada! Lembro como se fosse hoje, do dia em que fui fazer a matrícula no CNA e ganhei uma vale-celular. Engraçado é que no mesmo dia fui trocar (pobre não pode ver promoção...) e fiquei completamente abismada quando descobri que o modelo de celular que ganhei era um dos mais antigos e zoados da loja! Pior até do que meu próprio celular, que na época já tava beem velho e acabado! E esse que ganhei era tão zoado, que desisti de levar e nem lembro o que fiz com o vale. Acho que se perdeu por aí e perdeu a validade. Bem típico daquelas promoções que a loja faz pra se livrar dos produtos mais antigos que não vendem e ficam anos mofando nas prateleiras, até aparecer uma boboca com um vale-celular ganho numa matrícula do inglês...

Pois é, eu estava matriculada no inglês. E a partir daí muitas águas rolaram! Sabe aquela história de “vai procurar sua turma!”? Foi mais ou menos assim comigo: mudei de turma diversas vezes, em diversos dias da semana e horários. Praticamente uma nômade! Até que finalmente encontrei meu lugar: o pessoal de sábado à tarde, das 14h às 16:30. Tá, eu sei que escolhi o pior dia e horário pra estudar! Como se já não bastasse ser de sábado, ainda eu perderia minhas tardes inteiras ali, trancada numa sala de aula e adeus sábado! Claro, foi dificílimo pra eu lidar com isso no começo, e talvez até por ser um tanto imatura na época, eu vivia cabulando essas aulas e indo pra tudo quanto é lugar longe dali. Mas com o tempo fui percebendo que valia muito a pena ir às aulas, inclusive por causa da turma: um pessoal super animado com quem me identifiquei demais! A professora, idem! Sabe aquelas pessoas que fazem você se sentir bem como se fossem amigos de longas datas? Bem por aí. Desde então minhas tardes não foram mais perdidas e eu enfim percebi que o que na verdade ganhei ao me matricular ali não foi um mero vale-celular, mas sim amizades importantíssimas, principalmente a Rayane, que é tão parecida comigo que poderíamos ser irmãs! (aliás, Ray, só a gente sabe o aperto que passou com aqueles vestidos no Cultural Day hein! Hahahaha!).

Hoje, dia 4 (tá, já passou da meia-noite, mas pra mim é dia 4 porque ainda não fui dormir) foi a última aula. Triste, meio que em clima de despedida. Terça que vem é a formatura e depois disso já não sei se a turma será tão unida. Mas uma coisa é certa: meus sábados já não serão mais os mesmos sem esse pessoal. Não mesmo.
 
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