Terça passada foi aniversário de São Paulo e eu, como amante da vida agitada e corrida, não poderia morar em lugar melhor. Ao mesmo tempo, me questiono: será que sou desse jeito mesmo ou fiquei assim por causa de cidade? Afinal, desde que nasci convivo com baderna e barulho o dia inteiro: é trânsito, chuva, elevador, gente falando, televisão ligada, porta batendo, celular tocando, vizinho martelando a parede, tudo isso somado ao fato de eu ouvir música o tempo todo. Já acostumei. Eu e São Paulo vivemos no mesmo ritmo, pulsando na mesma vibração intensa e acelerada. Não há como dissociar a cidade de mim.
Engraçado é que dia desses me dei conta de que, em meio a tudo isso, algo valiosíssimo se perdeu. Não foi uma perda material, mas abstrata, e por isso mais intensa.
Uma noite estava na faculdade e entrei na biblioteca pra estudar pruma prova. Depois de um tempo, notei que algo estava errado, fora do comum, como se incomodasse. Então percebi: era o silêncio. Não apenas a ausência de barulho, mas o silêncio verdadeiro, profundo, ou como diz um trecho do último volume de Harry Potter, “o tipo de silêncio que pressiona os tímpanos, que parece ser muito grande para ser contido pelas paredes”.
Há muito tempo, desde o apagão em 2009, eu não “ouvia” o silêncio desse jeito. Estranhei, mas me fez um bem que você não tem noção e até parei de estudar pra ficar escutando o nada. Aquele vazio opressor de repente me preencheu, senti uma paz que não sentia há séculos. Eu nem lembrava mais como era isso, o silêncio absoluto. Tão estranho, tão fora da realidade caótica de São Paulo e da minha vida ligada no 220v! E então eu entendi, finalmente entendi o que Clarice Lispector sempre diz em suas obras, quando se refere ao silêncio: “O silêncio não é o vazio, é a plenitude.(...) Há uma maçonaria do silêncio que consiste em não falar dele e de adorá-lo sem palavras ”.
Engraçado é que dia desses me dei conta de que, em meio a tudo isso, algo valiosíssimo se perdeu. Não foi uma perda material, mas abstrata, e por isso mais intensa.
Uma noite estava na faculdade e entrei na biblioteca pra estudar pruma prova. Depois de um tempo, notei que algo estava errado, fora do comum, como se incomodasse. Então percebi: era o silêncio. Não apenas a ausência de barulho, mas o silêncio verdadeiro, profundo, ou como diz um trecho do último volume de Harry Potter, “o tipo de silêncio que pressiona os tímpanos, que parece ser muito grande para ser contido pelas paredes”.
Há muito tempo, desde o apagão em 2009, eu não “ouvia” o silêncio desse jeito. Estranhei, mas me fez um bem que você não tem noção e até parei de estudar pra ficar escutando o nada. Aquele vazio opressor de repente me preencheu, senti uma paz que não sentia há séculos. Eu nem lembrava mais como era isso, o silêncio absoluto. Tão estranho, tão fora da realidade caótica de São Paulo e da minha vida ligada no 220v! E então eu entendi, finalmente entendi o que Clarice Lispector sempre diz em suas obras, quando se refere ao silêncio: “O silêncio não é o vazio, é a plenitude.(...) Há uma maçonaria do silêncio que consiste em não falar dele e de adorá-lo sem palavras ”.
É isso.
O silêncio está entre as espécies em extinção e infelizmente a gente aprende a viver sem ele. Mas tenho descoberto lugares onde ele é criado em cativeiro. Por mais São Paulo que seja aqui, ainda há bibliotecas, jardins e outros cantos silenciosos. Não precisa procurar. Você simplesmente acha.Acho irônico que, mesmo vivendo em ritmo tão acelerado, minha música favorita seja Enjoy the silence. A vida também tem suas entrelinhas.
(Imagem retirada do Google)
1 perdidos por aqui:
Karina, que coincidência, Enjoy The Silence também é a minha música preferida! Este seu post sobre o silêncio é poesia pura. Eu acho que há algo de mágico no silêncio! E ele anda tão escasso...
Postar um comentário