- E por que não agora?
(...)
- Eu sinto que o nosso
momento passou, só isso.
(...)
- Meu timing não é muito bom, né?
Não. E justamente por este
motivo é que a relação entre Dexter e Emma, casal protagonista do livro Um Dia, de David Nicholls, é tão conturbada.
Eles se gostam e sabem disso, mas não estão juntos porque não têm o mesmo timing. Têm um sentimento em comum que é
despertado em momentos diferentes. Vivem a chance e o momento de ficar juntos e
não percebem, não aproveitam.
Deixar passar o instante
certo pode ser erro fatal. Se demorar um minuto, talvez o perca. É como esperar
o dia clarear para acender a luz ou tomar o sorvete depois que derreteu. A história por trás do
“você demorou tanto que agora eu nem quero mais!” e daquele momento em que a
gente se pega, após uma discussão, pensando “aai, eu deveria ter dito isso! Por
que não falei?”. Porque perdeu o timing
da coisa. Perdeu, playboy.
Quem dera ser possível
ajustar o dito-cujo como um ponteiro
de relógio e sem horário de verão para confundir. Mas o timing é tão abstrato quanto um quadro de Kandinsky. É questão de
percepção, mesmo. De pegar no ar, antes que se vá.
Pensando por esse lado, seria
bom se tivéssemos a vida de Bill Murray no filme Feitiço do Tempo: acordar e o dia ser exatamente igual ao anterior,
com os mesmo acontecimentos se repetindo nos mínimos detalhes. Chega uma hora
em que, de tanto vivenciar os mesmos momentos, ele sabe a hora certa de agir e
a coisa certa a dizer.
Deixar passar o momento é
como perder o ônibus, só que pior: não dá pra ficar parado no mesmo ponto e é
bem capaz que não passe outro. Pelo menos, não para o mesmo destino.
(texto meu publicado na edição 31 da Revista Offline)
1 perdidos por aqui:
Me perdi por aqui!
Que bacana!
Nossa, adoro esse filme do feitiço do tempo! Mas sabe, acho que a ideia é exatamente essa...que TODOS os nossos dias são o mesmo dia. A gente pode escolher viver o mesmo dia todo dia ou fazer a vida acontecer. Adorei por aqui! Beijos!
Postar um comentário