
Então, como fazer com que o ser humano percebesse o seu erro e evitasse o pior? Ela não encontrou outra forma, a não ser reagir. Terremotos devastadores, tsunamis catastróficos, temporais tenebrosos, deslizamentos de terra fatais, queimadas sem controle nas florestas, calor, calor, calor insuportável. Deu certo. O homem despertou de seu sono secular e só então compreendeu que a vida dela sempre esteve e continua em suas mãos. Mas, como se o alarme do despertador houvesse sido ignorado pela manhã, quando ele acordou já era tarde. Abriu os olhos e viu no termômetro que a temperatura estava maior do que o normal. Levantou-se da cama, ligou a TV no noticiário e descobriu que 150 espécies são extintas a cada dia, a camada de ozônio está em processo de destruição e não há meio de prever onde isso vai parar. Mensagem decifrada: ela está em fúria. E não há como fazê-la voltar ao que era antes. Mas ainda há um modo de tentar acalmá-la, antes que seja tarde. Ela, a natureza. Ela, a Terra.
Vingativa? Talvez. Mas a verdade é que o homem caiu em sua própria armadilha. Tornou o mundo um ambiente hostil para ele mesmo viver. Fez de tudo para aniquilar outras espécies e, regido pela lei da ação e reação, acabou por aniquilar a sua.
Não ouviu os conselhos. “Pare de desmatar!”, diziam uns. “Pare de matar!”, diziam outros. “Não polua tanto!”, reclamavam muitos. Entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Então, ele continuou vivendo, enquanto tudo ao seu redor ia morrendo. Até que um dia começou a sentir os efeitos na própria pele. Assustou-se muito e começou a correr. Mas demorou pra sair da linha de largada e suava demais por causa do Sol, que estava mais intenso do que o normal. Correu mais, e chegou a uma local onde estavam reunidos representantes de diversos países em uma conferência sobre o clima. Discutiram tudo, menos o que deveriam. E saíram de lá na mesma.
Agora, desesperado, o homem tenta reverter a situação, tendo consciência de que pode apenas amenizá-la. Arrependido, abaixa a cabeça e nota que há um buraco em seu sapato: finalmente descobriu que deu um tiro no próprio pé. E a Terra está quase caindo por terra.
"A natureza é a única coisa para a qual não há substituto." (Anne Frank)