Passados alguns dias, entretanto, eu estava adorando o novo corte! E realmente achei que ficou melhor do que meu cabelo de antes. Loucura? Transtorno bipolar? Pode ser, sou uma pessoa inconstante mesmo... mas descobri que o maior problema não era a falta de cabelo, e sim de costume. Não só minha, o ser humano em geral tem certa resistência a mudanças, às vezes por medo, às vezes por se acomodar à situação em que está. Mas depois que muda, vê que a situação nova é bem melhor e se pergunta: por que eu me prendi àquilo durante tanto tempo? Ou: por que não fiz isso antes?
Eu, quando mudei de escola no colegial, achei que não iria me adaptar e os amigos que fiz lá hoje estão entre os mais verdadeiros que tenho. Quando terminei aquele namoro longo, achei que não conseguiria viver sem meu ex-namorado. Bobagem. Não só consegui viver, como a vida que se seguiu a isso foi muito melhor. Quando comecei a trabalhar e fazer faculdade ao mesmo tempo, pensei que não conseguiria conciliar e hoje tenho até mais responsabilidade e sei aproveitar melhor o tempo do que antes, quando não trabalhava. Tudo falta de costume.
A gente se depara com muitos “cortes de cabelo” ao longo da vida que são irreversíveis e, quer saber? Melhor assim. Depois de um tempo vemos que deveríamos ter usado essas tesouras antes, cortado esses fios que nos amarravam tanto. Toda mudança repentina é um susto, mas as mais bruscas, por mais “cabelo” que nos tirem, são as que mais acrescentam. A gente se adapta a tudo: novos locais, pessoas, ao calor e ao frio. Este último não é psicológico como dizem, mas tenho certeza de que a falta de costume é. E é temporária também, ainda bem. Depois o cabelo cresce de novo. Só não esqueça que ele precisa de um novo corte depois de um tempo.