segunda-feira, 30 de abril de 2012

Instabilidade


A bagunça dentro da bolsa refletia os pensamentos na cabeça. Tudo jogado, misturado e perdido num espaço apertado, que ia ficando ainda menor conforme os objetos eram tirados da gaveta e colocados ali. Blocos de anotação, enfeites de mesa, pacote de bolacha. Uma coisa não tinha conexão com a outra e nada mais pertencia àquela sala.

Guardou os pensamentos na bolsa, os objetos na cabeça e saiu dali, lidando com o inesperado, rumo ao desconhecido. Despediu-se do prédio tão conhecido, que agora não passava de passado.

O tempo instável lá fora condizia com a sua vida nos últimos tempos. Os livros pesavam nos braços, os pingos de chuva tornavam o tempo ainda mais frio.

- Estabilidade não tem preço nessa vida. 

Foi a frase que ouviu enquanto sentia-se andar sobre uma gangorra.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dois mil e vinte e dois

Mês passado fui tomar vacina contra o tétano, aquela que se toma a cada dez anos. Era 7 de março e, ao sair do posto de saúde, dei uma olhada na carteira de vacinação e deparei-me com a seguinte data da próxima vacina: 7/03/2022. DOIS MIL E VINTE E DOIS!

Cara! Pensar nisso me deixou bem louca, afinal, se em um ano muda muita coisa na vida, imagine em dez! E, se o mundo não acabar até lá e eu estiver viva, que diabos estarei fazendo em 2022? Estarei eu casada? Solteira? Com filhos? Sem? Trabalhando? Estudando? Morando aqui? Lá? E isso? E aquilo?

Pensar na vida daqui a dez anos é muito mais assustador do que se imagina. Fechei a carteira e guardei na bolsa. Melhor deixar o futuro no lugar dele.

Tô vacinada contra o tétano. Contra devaneios e divagações, não.
 
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