quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vinte e poucos anos

Dia 12 desse mês fiz 24 anos e, coincidentemente, esse é o 24° post que escrevo em 2010. Dizem que os "vinte e poucos" são os melhores anos da vida. Eu concordo. Os meus, pelo menos, estão sendo muy bem aproveitados, vividos intensamente. Acredito que seja a época da vida em que mais aparecem oportunidades: de emprego, de conhecer gente, de crescer na vida e aprender coisas novas. Isso é ótimo! O problema é envelhecer. Eu sei, não estou velha, mas sei que já não sou mais uma adolescente. Dia desses me perguntaram a idade e, quando respondi, disseram: "ah, você é nova ainda!" - mas depois completaram: "quer dizer, não é mais tão nova assim né?" - é, não sou.

Confesso que fazer 24 me gerou uma pequena crise, primeiro porque lembrei que aqueles cremes anti-rugas da Avon e da Natura podem ser usados a partir dos 25 anos (mas já??). Depois porque, segundo minha mãe, após os 25 a vida voa. É estranho, mas quando eu era criança e me perguntavam com que idade iria casar, eu respondia, na maior inocência: "Com 23 ou 24 anos!!" - nossa, eu não fazia a mínima noção da vida! Hoje, com 24, nem penso em casar! Pelo menos não tão cedo. Um antigo colega de trabalho me dizia que eu não serviria pra levar uma vida de casada, porque minha rotina é corrida demais: trabalho + faculdade + cursos. E eu gosto disso, dessa vida que levo. Não pretendo parar de estudar tão cedo e já penso na segunda faculdade.

A vida hoje em dia é diferente e o tempo das pessoas também. Muita gente casa tarde porque quer aproveitar a vida e se dedicar à carreira. Todo mundo quer ter uma estabilidade financeira antes de formar família. Os 24 de hoje são os 18 de antigamente. A juventude dura mais.

E aqui estou eu com minha nova idade. As pessoas continuam dizendo que não aparento. Pelo visto elas conseguem ver a idade do meu espírito.

♪ Forever young, I want to be forever young ♫

(Imagem retirada da revista Offline, edição de setembro)

domingo, 5 de setembro de 2010

Desapego

Nunca dei ouvidos àquela história de inferno astral, segundo a qual você tem azar pra dar e vender no mês que antecede seu aniversário. Mas passei a acreditar nisso o mês passado. Agosto foi, literalmente, um inferno! Passei por situações complicadas, tudo parecia dar errado e o universo conspirar contra. Dentre os perrengues que passei, um dos piores foi o dia em que coloquei um CD de música no computador, ele travou e não ligou mais. A solução foi formatar o coitado e, consequentemente, perdi TUDO o que tinha nele. Fotos, músicas, textos, vídeos... foi tudo pelo ralo.

Nem preciso dizer que fiquei super mal, chorei e tudo mais. Mas, passadas algumas semanas comecei a me questionar: por que sofrer tanto por aqueles arquivos de computador? Afinal, já perdi mesmo! Aí eu reparei que sempre sou assim, com tudo: sou aquela que vai ao cinema, ao show, ao teatro e guarda o ingresso de recordação. Aquela que tem uma caixa cheia de cartões de aniversários e cartinhas que sempre pega pra reler. Aquela que morre de dó de apagar as mensagens de celular quando a caixa fica cheia e que não deleta os recados do Orkut de jeito nenhum. E que precisa ter fotos de todos os momentos da vida pra recordar depois. Uma noite, voltando da faculdade, eu conversava com uma de minhas amigas sobre isso e falei a ela que eu devo ser uma pessoa muito materialista. Ao que ela respondeu: - Não Ká, isso é apego!

APEGO. A palavra-chave. E o problema. Eu me apego demais às coisas e às pessoas, e quando elas se vão de algum modo, sofro à proporção da carga de sentimento que depositei nelas. Como dizia Clarice Lispector, “quanto mais vivia, mais acumulava coisas inúteis das quais não poderia desfazer-se sem dor.” E a maioria dessas coisas inúteis, se for pensar, nem tem tanto valor quanto eu acreditava. O difícil é aceitar e entender que cada coisa tem o seu momento e depois passa. A vida é feita de achados e perdidos e eu, por dar esse nome ao meu blog, já deveria saber disso.

Lembro que quando eu fazia cursinho, meu professor de História contou um caso mui engraçado: numa viagem que fez à Alemanha, ele conseguiu comprar (não sei de quem) um pedaço do extinto Muro de Berlim e trouxe de recordação. Pouca coisa, um pedaço de granito ou coisa do tipo. E deixou em cima da mesa da sala, como enfeite. Certo dia, ele chegou em casa e cadê o pedaço do muro? Sumiu! Procurou como louco e não achou. Dias depois, conversando com a empregada doméstica sobre o assunto, ela comentou: - Nossa, o senhor tá se referindo àquele negócio que tava em cima da mesa? Eu achei que era uma pedra e joguei fora!

Essa é a questão. Não enxergar como Muro de Berlim o que é uma simples pedra. Porque na verdade, é só uma pedra mesmo! Muro de Berlim é o valor sentimental que se atribuiu a ela. E eu continuo enxergando como Muro de Berlim tantas pedras que passam por minha vida! Sentimentos que não servem mais e permanecem aqui dentro, roupas que nem deveriam mais estar no meu armário. O mais irônico é que, ao me desfazer dessas coisas, depois nem lembro que existiram. As correntes eram imaginárias.

Agora, se me dão licença, vou ali na farmácia comprar um vidrinho de desapego e já volto.

(imagem retirada do Google)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mais eu

Eu sempre tive um gosto muito forte pelo vermelho. Essa cor me passa uma energia muito boa. Não sei explicar, mas quando visto vermelho me sinto bem demais, mais viva e animada. Tanto, que senti necessidade de incorporá-lo na minha vida diária, ou melhor dizendo, no cabelo. Não foi tão rápido nem tão fácil, primeiro porque eu demorei um tempão até ter coragem de tingir o cabelo dessa cor e na época (em 2006) ficava o dia todo com uma blusa vermelha da minha mãe na cabeça, em frente ao espelho, pra me acostumar com a cor e ver se ficava estranho (ok, insanidade bateu forte nessa hora).

Depois que comuniquei às minhas amigas que eu tingiria o cabelo dessa cor, uma delas disse “ah não, vai ficar horrível!” e semanas depois lá estava ela com o cabelo vermelho. Sacanagem né? Mas isso não me desviou do meu objetivo e eu tingi o cabelo de vermelho. Que, a princípio, ficou meio roxo, porque como a cor natural dele é castanho escuro, o vermelho demorou (mais ou menos um ano) pra pegar. Quando pegou, pegou de vez. E eu criei uma identificação TÃO FORTE com meu cabelo vermelho, que passei a gostar muito mais dele assim do que na cor natural e nunca mais senti vontade de mudar. É como se eu tivesse nascido com a cor de cabelo errada e depois de vinte anos ter encontrado a certa. Nem quando eu fazia luzes e meu cabelo era loiro eu me sentia assim. É o vermelho mesmo. Me sinto bem demais com ele. Mesmo que todo mês eu tenha que ver minhas toalhas manchadas de vermelho e ouvir apelidos como Pica-Pau, Cabelo Água de Salsicha, Cabeça de Fósforo e Moranguinho, eu amo meu cabelo assim e me sinto bem com ele. Ou melhor dizendo, me sinto eu com ele.

Não sei explicar. É como finalmente encontrar o cara certo e se sentir completa. Ou encontrar, no molho de chaves, aquela que abra a porta. Enfim, é encontrar um estilo com o qual você se sinta tão bem que o enxergue como uma característica sua, uma parte da sua identidade e não se reconheça mais e não se sinta bem sem ele. É um pedaço da sua personalidade que acaba se exteriorizando. É o seu verdadeiro eu.

Há quase cinco anos tinjo o cabelo de vermelho e não consigo mais me ver com outra cor. Ela é artificial? Sim. Mas me faz sentir tão natural como se fizesse parte da minha essência. Várias pessoas já me disseram que eu fico melhor ruiva do que com o meu cabelo natural. Por outro lado, já fui questionada, houve gente que me disse que eu quero aparecer, ficar diferente, mas o fato é que tinjo o cabelo pra mim, não pros outros. Pode ser que daqui uns anos eu me enjoe da cor ou simplesmente ache brega e queira mudar. Mas, sinceramente, acho que ser ruiva (mesmo que de farmácia) já estava escrito no “script” da minha vida. Os oráculos já diziam que, em minha existência como Karina, uma hora eu iria querer tingir o cabelo de vermelho. Afinal, eu nasci morena, mas minha alma é ruiva.
 
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