quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Abraçar o mundo

Quero passar tardes inteiras lendo e ao mesmo tempo desejo a correria do cotidiano. A que me cansa pra eu poder descansar. Mas a mesma noite que serve pra dormir também é aquela em que eu saio pra dançar até o amanhecer, na companhia dos amigos. E preciso também de um espaço pra me encontrar, sozinha, com meus próprios pensamentos, em silêncio. Quero estar aqui e lá ao mesmo tempo, fazer compras e mesmo assim conseguir juntar dinheiro, trabalhar e ter tempo livre de sobra, estar na sala de aula da faculdade e passar o dia de pijama em casa, postado nos blogs e lendo outros tantos que gosto. Nesse tempo eu também quero sentar no sofá e assistir filme, mas vou pras salas de cinema aos sábados. Quero o inesperado e anseio pelo que programei. Quero o sossego do mar e o caos da cidade, o barulho e a tranqüilidade, ser livre e me prender a alguém. Quero o telefone, a internet e a presença física. Quero estar na festa, no churrasco, no shopping e no show. Preciso ler, escrever, ouvir música, fotografar e conversar, conversar, conversar. Aprender, ensinar e vivenciar. Tudo ao mesmo tempo, interligado por fios que não se rompem e se tornam mais intensos com o passar das horas, dos dias.

Então eu abro os braços e percebo que não consigo abraçar o mundo, por mais que eu queira, por mais que eu tente, por mais que eu insista. E tudo o que ganho é dor de cabeça. E ela não passa.

A dor de cabeça? Não, a mania de querer abraçar o mundo.

(Imagem retirada do Google)

5 perdidos por aqui:

Ivana disse...

Olá,

Sabe Karina, eu me vi muito nesse texto. O universo parece pequeno pelas coisas que ansiamos fazer, não é mesmo? Respira fundo e tenta uma de cada vez, sofremos menos. Um grande abraço!

Rodrigo Cavaleiro disse...

Fico feliz com a sua indecisão própria. Toda e qualquer insatisfação nos levará a um lugar melhor.

A tal da mudança que todos deveriamos ter. Vez em quando toma intensidade e esses escritos podem ser sintomas da não muito rara vontade de sair da rotina.

Vá em busca do que te satisfaz, aos poucos você acha tempo para abraçar os colegas na rua, conversar no ônibus e metro, dançar e ter novas experiências na mesma noite, acordar feliz e descobrir uma nova mania... sim, mais uma.

E lá vamos nós, tanto eu, como você em uma nova mudança.

Obs.: O mundo talvez fique difícil, mas eu sou magrinho e caibo entre seus braços. Quer dizer que eu quero um abraço.

Beijo no pé.

Francine Ramos disse...

Ah, é uma ansiedade por viver. Você sente medo de não conseguir fazer/aprender/conhecer de tudo? Eu sinto. Mas não há o que fazer, apenas viver. Tem uma frase de Virginia Woolf, no filme As Horas, que diz assim: "Você não encontra a paz evitando a vida"

Vamos viver! :)

Beijos!

angela disse...

Tantos desejos e tão pouco tempo...rs é assim mesmo e não tem jeito. Sinto muito.
Gosto muito do seus textos.
beijos

Clara Sousa disse...

Todos nós temos amiga essa mania, é coisa do ser humano mesmo.
beijo grande

 
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