sábado, 24 de abril de 2010

Padrão



Conheço uma rua

onde há um azulejo no chão.

No meio do nada,

sem ter razão.

Estará ele no lugar errado?

Claro que não.

Errada é a nossa incapacidade

de enxergar as coisas fora do padrão.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

A revanche dos inanimados

Nunca deixe o computador perceber que você está com pressa. Ela irá travar, dar pau, desligar sozinho... tudo, menos funcionar. Se você xingá-lo então, piorou! Dar tapas no monitor, nem pensar! O mesmo vale pro celular. O meu, pelo menos, parece que “percebe” quando preciso fazer ligações urgentes, e a bateria acaba no mesmo instante. Ou então, quando estou em algum lugar silencioso e ele toca, fico fula da vida, e aí é que ele se esconde no canto mais obscuro da bolsa, sendo impossível encontrá-lo rapidamente para interromper o barulho. Parece pirraça. Como se os objetos “entendessem” o que a gente pensa sobre eles. E quer saber? Acho que eles entendem sim.

A essas alturas você, que está lendo, deve estar certo de que me faltam alguns parafusos. Talvez... mas sabe, às vezes fico pensando nessas coisas e creio que deve haver uma lógica nisso tudo. Como diz minha amiga Aline, “tudo no mundo é energia”. E eu acredito muito nisso. Que o nosso humor emite vibrações e influencia o ambiente ao redor, assim como às vezes somos influenciados pelo humor dos outros. E penso que essa vibração que emanamos também afete os objetos ao redor, das formas mais variadas. Claro que algumas pessoas exageram, e desconfio daquelas histórias de gente que entorta talheres e arremessa objetos com o poder da mente, o que chamam de psicocinética. Até hoje só vi isso em filmes como
“Matilda”. Mas acredito que os objetos absorvam nossas boas ou más vibrações sim. Tipo aquela história de que quando você fica secando a comida de alguém, ela cai no chão. Bem idiota, mas é mais ou menos por aí.

É curioso, nas diversas vezes que eu reclamei por ter gasto dinheiro com determinadas coisas, acabei perdendo essas coisas depois, ou pior, acabei perdendo dinheiro no mesmo dia. Como se isso acontecesse pra eu aprender a dar valor, sabe?


O caso mais recente que aconteceu comigo foi com o meu guarda-chuva amarelo. Comprei -o naquelas barraquinhas de rua e paguei super barato. Mas o barato sai caro: ele sempre abria ao avesso! O que, em dias de chuva, me fazia pagar micos homéricos! Certa vez eu saía do ônibus e, antes de descer, fui abrir o guarda-chuva pra enfrentar a tempestade lá fora. O que aconteceu? Ele abriu ao contrário! E havia muita gente atrás de mim, esperando pra descer do ônibus também. E todos esperaram eu virar o guarda-chuva do lado certo, o que demorou mais do que eu esperava. Saí dali roxa de vergonha, xingando mentalmente o guarda-chuva de tudo quanto é nome. E toda vez que isso acontecia, eu amaldiçoava o dito-cujo: “guarda chuva maldito! Não presta pra nada essa joça! Nem pra abrir direito!”

Pois bem. Dias depois eu fui ao shopping, e levava comigo meu querido desentupidor de pia (ou guarda-chuva, se preferir. É que como ele abria ao avesso, lembrava um desentupidor de pia). Quando estava voltando pra casa, chovia absurdos. Fui pagar o guarda-chuva e cadê ele? Não estava comigo! Eu havia perdido! Depois lembrei que o deixei em cima da pia do banheiro do shopping, quando fui lavar as mãos. E esqueci lá.


Senti uma falta imensa daquelas varetas que abriam ao avesso! E fiquei lamentando minha falta de atenção. Enquanto isso, o guarda-chuva devia estar dando graças aos céus por ter se livrado de mim e de meus xingamentos. Literalmente fugiu das minhas más vibrações. Ou atendeu minhas preces, já que depois pude comprar um novo.


Essa não é a única história de “objetos sensíveis” que ocorreu comigo. Já vivenciei outras situações estranhas no mesmo estilo. Como quando estou passando na rua e a luz do poste apaga, ou quando estou atrasada e as chaves sempre somem, ou, o dia mais trágico, quando no terceiro colegial esqueci o livro de matemática na escola em véspera de prova, dias depois de eu ter dito à minha mãe que odeio matemática com todas as forças.


Eu passaria dias contando essas histórias. Mas creio que a maioria das pessoas tem casos parecidos pra contar. Ou não. O assunto é polêmico e há quem acredite e quem ache uma tremenda bobagem. Quanto a mim, agora penso duas vezes antes de disparar cobras e lagartos pra cima dos meus objetos “desobedientes”. Vai que eles entendem! Hahaha!


E ah, se virem um guarda-chuva amarelo por aí me avisem, please!


(imagem retirada do Google)
 
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