domingo, 20 de dezembro de 2009

Seres racionais?

Se é verdade que quase enlouqueci nesse fim de ano, com os trabalhos da faculdade, é também verdade que eles me adicionaram muito em conhecimento. Não me refiro apenas àquele conhecimento necessário pra conseguir nota e passar de ano, não. Muito mais do que isso: conhecimento que abre a sua cabeça e amplia a sua visão de mundo. E é desse que eu mais gosto.

Tive a oportunidade de ler diversos livros, entre eles, dois que me marcaram muito. Um, foi Hiroshima, de John Hersey, um clássico do jornalismo literário. O livro conta a história de seis sobreviventes da bomba de Hiroshima e tudo o que viveram logo após a explosão e também quarenta anos depois. É um livro muito comovente, não leia se não tiver o estômago forte. Todo mundo sabe o que foi a bomba de Hiroshima e suas conseqüências, mas ninguém tem a noção exata da intensidade do sofrimento das vítimas. As poucas que sobreviveram, não ficaram ilesas: sofreram até o fim de seus dias com efeitos causados pela radiação atômica, os quais continuam presentes nos genes dos filhos e netos dessas pessoas, causando deformações e graves problemas de saúde. Sem falar no trauma e nas condições desumanas que passaram. A vida delas foi alterada drasticamente para sempre.

Outro livro que li foi Anne Frank – Uma Biografia, da jornalista Melissa Müller. Não é o diário de Anne, esse eu já havia lido no ano passado. Me refiro à biografia mesmo, que fala sobre a infância de Anne, sua família e o tempo que ela passou no campo de concentração, ou seja, muita coisa além do diário. Sou fã de Anne, mesmo. Ela, com seus 14 anos de idade, tinha mais maturidade e inteligência do que muito adulto por aí, principalmente aqueles que tiraram sua vida (os nazistas). Acredito que a situação em que ela viveu contribuiu para que amadurecesse mais cedo. Mas me revolta seriamente saber que todos os seus sonhos e objetivos de vida foram mortos, juntamente com ela, num maldito campo de concentração. E quantos milhões de sonhos também não foram destruídos pela bomba de Hiroshima?

Os dois livros mostram o mesmo questionamento: como foi possível tantas pessoas serem coniventes com estes atos desumanos? Como o nazismo e o lançamento de bombas atômicas puderam ser realizados com sucesso? Todos sabiam que era um erro, que era assassinato, e mesmo assim os responsáveis não foram denunciados e muito menos impedidos de cometerem tais atrocidades. Simplesmente continuaram, e aqueles que assistiam a tudo isso se conformaram, sem nada fazer. Seria medo? Indiferença?

Boa parte da humanidade foi destruída pelos interesses insanos de poucos. E assim continua até hoje. O racismo, o sentimento de superioridade e o poder sobem à cabeça de uma minoria e são despejados em uma maioria inocente. Meus filhos, se vocês têm problemas na cabeça, vão se tratar e não descontem pra cima da humanidade, ok? Seres humanos não são cobaias e vidas não são descartáveis.

Ler estes livros me fez perceber que a guerra (seja ela qual for) não é apenas um problema gerado pelo contexto histórico e sócioeconômico. Acima de tudo, é um problema psicológico. Que persiste.

Caso tenham oportunidade, leiam. Hiroshima, Anne Frank – Uma Biografia e O Diário de Anne Frank são denúncias de uma realidade que muitos quiseram esconder – por ser insana.


“A história não se repete, disse Voltaire, mas o homem faz isso. O homem, com toda inteligência, é fraco e destruidor, e se deixa levar até perder seus ideais de vista. Então, ele começa – como se não fosse capaz de aprender – de novo. Não devemos deixar de ter esperança na capacidade de aprender do homem” (trecho extraído do livro “Anne Frank – Uma Biografia”, de Melissa Müller).

domingo, 13 de dezembro de 2009

Molho de tomate

Todas as manhãs, no trajeto pro trabalho, vejo essa árvore da foto. Que me chamou a atenção por um motivo especial: a cobertura de flores que a reveste. Tão densa, que me lembrou claramente um molho de tomate. Juro que havia tomado café da manhã e não estava com fome no dia em que reparei nela, mas ao bater o olho a primeira coisa que me veio à mente foi isso. Achei diferente, bonito, interessante. Contrasta com o resto da paisagem de concreto, monocromático. Talvez porque seja a única coisa que tem vida ali.

Pois bem. Todas as manhãs eu passava e olhava pra árvore, até que um dia parei e tirei foto. Fiz bem. Dias depois, a cidade de São Paulo foi atingida por intensas tempestades e ventos furiosos. A correria da rotina me desviou a atenção da árvore e, algum tempo depois, quando lembrei de olhá-la, me assustei ao vê-la toda verde, sem as flores vermelhas e radiantes de antes. O que aconteceu? O vento arrancou, a chuva levou. Não sobrou uma pétala pra contar história. Senti dó e fiquei triste, como se tivesse perdido alguma coisa. Mas quem perdeu foi a árvore. Perdeu a graça. E transformou-se em uma árvore comum, como as outras. Tanto que, depois disso eu não lembrei mais de olhar pra ela quando passava pelo local. Não havia mais aquele encanto de antes, a diversão de olhar e pensar: "nossa, parece que derramaram molho de tomate em cima da árvore!" Acabou a graça. E, pelo fato de não haver nada de diferente na paisagem, acabei me esquecendo da árvore. Ela continua lá, mas raramente reparo nela.

E aí eu percebi que certas coisas só têm charme devido aos detalhes. Se não fossem as flores, a árvore não me chamaria a atenção. E isso serve pra tudo. A gente admira certas pessoas devido a uma característica da personalidade, um modo de se vestir, um jeito de falar. Compra uma blusa porque acha legal a estampa dela. Gosta de uma música porque o arranjo instrumental é divino. Olha uma árvore porque as flores chamam a atenção. São os detalhes que fazem toda a diferença e dão beleza ao conjunto. Certas coisas não teriam graça sem um "molho de tomate" pra destacar. Não teriam gosto e nem beleza. O charme está nas minúcias, nas peculiaridades e diferenças de cada um.

Um mês se passou e as flores não nasceram novamente. A árvore deixou de ser única, como se tivesse perdido sua personalidade. Tudo porque igualou-se às outras.

sábado, 21 de novembro de 2009

Modern(Idade) das Trevas

Briguei com o tempo e não andamos mais juntos: eu ando, ele corre. Sinto falta de escrever aqui e visitar os blogs que gosto, sair, ver filmes, etc, mas enquanto não finalizar os 132647 trabalhos da facul, não dá.

Tá, isso foi um desabafo. Na verdade vim falar de outra coisa: semana retrasada ocorreu um apagão que eu presenciei ao vivo e a cores (bem escuras por sinal). Poderia estar em casa na hora, só tive a primeira aula naquele dia e em vez de ir embora, fiquei lá na Avenida Paulista, num barzinho, conversando com a Grazi e o Diego. Era umas dez e pouco da noite quando a luz começou a oscilar sem parar e eu achei aquilo muito bizarro! Até que apagou de vez. A princípio, pensei que fosse problema de gerador na rua, mas quando saímos dali vi TUDO apagado e havia um rebuliço de gente andando por todos os lados. Em meio à confusão, eu só conseguia ver a silhueta das pessoas que passavam por mim, seus rostos ocultos no breu. Os prédios da principal avenida de São Paulo, geralmente repletos de luzes que dão vida às ruas, dormiam agora em silêncio. As ruas estavam povoadas de gente e o trânsito sem semáforo tornou-se incrivelmente caótico. Fui pegar o metrô pra voltar pra casa, mas ele não funcionava. Tudo isso começou a me assustar, principalmente por não saber o que acontecia e em que proporções. Andando por ali, um garoto gritava: - É O FIM DO MUNDO! É O FIM DO MUNDOO! - não duvidei. Fiquei esperando que os alienígenas aparecessem e abduzissem todos. Não aconteceu. Então liguei pra casa pra saber o que ocorria e soube que era um blecaute de proporções extremas no país. Nessas horas a informação, mesmo assutadora, me acalmou um pouco. Quando você tem clareza sobre a situação em que está, consegue resolvê-la com mais racionalidade.

Mesmo assim, a paisagem noturna não deixava de me assombrar: só se via o contorno dos prédios e, além dos automóveis, a única fonte de luz provinha de uma decoração natalina que pendia de um prédio: as luzinhas coloridas permaneciam acesas de forma inexplicável em meio ao breu! (inclusive, nessa foto, dá pra notar isso).

Por muita sorte mesmo, uma amiga me encontrou no ponto de ônibus e ofereceu carona. Foi minha salvação!! Cruzando a cidade de carro, meus olhos se acostumaram com a escuridão geral. A lanterna dos carros nos guiava por ruas e túneis (e não havia luz no final deles).

Quando cheguei em casa e vi minha família à luz de velas, ouvindo rádio, me senti transportada ao período Paleolítico. Não havia nada, NADA pra fazer! Sem luz, internet, televisão. Pensei em fazer uns desenhos rupestres nas paredes da caverna, digo, aqui de casa, pra passar o tempo. Não, não seria uma boa idéia. Estava fora do contexto histórico. Então fiquei na janela observando a noite. Era a noite mais escura que já vi e também a mais silenciosa. E não havia o que fazer. Só então eu percebi O QUANTO estamos dependetes da tecnologia pra viver! Sem ela não fazemos absolutamente nada! Não nos conectamos com pessoas que estão longe, não trabalhamos, não nos divertimos. E o pior: só percebemos isso quando nos falta luz. Estamos cegos diante da dependência elétrica e no dia-a-dia vivemos como se a luz fosse oxigênio, sem perceber sua presença. E quando tudo escurece diante de nossa visão é que enxergamos a falta que faz. Nessas horas lembro de Clarice Lispector e sua frase: "É necessário certo grau de cegueira para poder enxergar determinadas coisas." Bem assim mesmo.

O homem das cavernas não sabia o que era o bom da vida, não podia relatar suas experiências de caça em um blog e muito menos conectar-se com outros Homo Sapiens via msn. Mas tinha uma vantagem em relação a nós: não sofria com apagões.



domingo, 8 de novembro de 2009

Pedaços de infância

Eu lembro da minha caixa de brinquedos: gigante, cabia de tudo lá. Inclusive eu mesma, ao procurar meus brinquedos, escorregava e caía lá dentro diversas vezes, amassando tudo. E eu entrava em um mundo mágico. Era lá que eu encontrava a Bubu, minha primeira boneca, que era de pano e usava vestido amarelo. Também encontrava a Menina-Flor, que ao mesmo tempo era uma boneca e virava um vaso de flor. Minha coleção interminável de panelinhas de plástico, pratinhos, talheres, minhas comidinhas de mentira, com as quais eu brincava de restaurante, meu Topo Giggio, Moranguinho, etc. Eu ia tirando tudo lá de dentro e passava o dia criando histórias e mundos de fantasia. À noite eu jogava tudo na caixa de volta e ia dormir. Dividia a cama com minha coleção imensa de bichinhos de pelúcia, que ficavam empilhados e caíam em cima de mim a todo instante durante o sono. Eu nem ligava, achava engraçado.

Fui crescendo e passei a me interessar por Lego, quebra-cabeça, massinha de modelar e móveis de casinha. Eu montava casas tão legais que sonhava em morar nelas. Mas quem morava lá eram meus Playmobis. Herdei alguns dos meus irmãos mais velhos e outros eram meus mesmo. E eles foram os responsáveis pela época mais criativa da minha infância. Eu tinha uma coleção deles, todos tinham um nome, uma família e uma história. Iam à festa junina, ao circo e faziam viagens. E eu era absorvida por este mundo, lá eu era feliz e exercitava minha imaginação, sem preocupações ou problemas.

Até que fui sendo tirada desse mundo pouco a pouco. Tanto pela escola, que passou a exigir mais dedicação, como pelo concorrente dos brinquedos: o vídeo-game. Toda aquela tecnologia me fascinava e eu não dormia enquanto não conseguia zerar os jogos. eu não saía de frente da TV, mal me mexia e não criava mais histórias. Meus antigos brinquedos foram abandonados dentro da caixa, que agora eu mal abria. E lá ficaram. Pouco a pouco a quantidade deles foi diminiuindo, acompanhando meu interesse por eles e a caixa de brinquedos foi substituída por uma menor. Até que um dia sumiu. Entrei na adolescência. Os brinquedos restantes foram guardados no armário e minha infância também.

Ainda assim, continuei brincando de Barbie. Eu adorava vesti-las bem, arrumar o cabelo delas e criar histórias românticas com os Kens. Ao mesmo tempo em que tudo isso ia acontecendo na minha vida também. Com uma diferença: na minha vida havia responsailidades e deveres que começavam a me tomar todo o tempo, sem falar nas festas e viegans que eram muito mais divertidas do que qualquer brinquedo. E assim, de forma natural, a realidade substituiu a fantasia. Não por completo, é claro. Guardei oa brinquedos que mais me marcaram: a Bubu, minhas Barbies, alguns playmobis, meu Snoopy grande de pano e o Jiba Jabber (pra quem não lembra, um boneco com cabelo colorido e corpo de formiga, que fazia uns barulhos bizarros quando você o chacoalhava). Ao vê-los, sinto saudades, um aperto no coração, nostalgia.

Como diz o Luís Mauro, meu professor de Comunicação Comparada, a nostalgia é uma auto-paródia, à medida em que você vê um elemento antigo, mas ele não tem mais o mesmo sentido e não surte o mesmo efeito que tinha na época. É verdade. Brinquedos hoje em dia são uma coisa fora do contexto pra mim. Mas escrever esse texto foi ótimo. Me trouxe à memória brinquedos que eu nem lembrava mais e uma época maravilhosa que ficou pra trás. E é bom que seja bem guardada, seja numa caixa de brinquedos, na memória ou no coração. Porque a vida que vem depois disso não é brincadeira.

Tema sugerido pelo blog Vou de Coletivo!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Um pouco de mim

A Ângela, do blog Entremeios, e a Ana Lúcia, do blog Entre um Café e um Bate Papo me indicaram para este meme, que adorei!


Regras do meme:

  1. Levar o selo acima
  2. Dizer quem te indicou
  3. Indicar outros blogs
  4. Completar as frases que estão em vermelho:

a) Eu já realizei sonhos que considerava impossíveis

b) Eu nunca digo nunca

c) Eu sei que nada é para sempre

d) Eu quero ver mais amor no mundo

e) Eu sonho com uma pessoa que ainda não conheci

Indico os blogs:

Into My Wild

Devaneando

Garota Bossa-nova

Janelas para meu mundo

A Contadora

Idéias Largadas

Lauralândia

Divirtam-se!

Selando o feriado

Fim de semana + feriado era tudo o que eu tava precisando! Deu pra fazer diversas coisas que eu queria! Ótemo! =)
Curioso é que esse foi o fim de semana dos selos e memes! Tentarei postar todos hoje, então vamos lá!


Esse selo eu achei muito fofo e ganhei da Ângela, do blog Entremeios




Esse outro, muito legal também, ganhei do Rodrigo, do blog Diário de um Mininu Nu


Agora, presenteio os seguintes blogs com os dois selos:

Into My Wild

Entre um Café e um Bate Papo

A Contadora

Idéias Largadas

Mais uma vez...

sábado, 31 de outubro de 2009

Corte e Costume

Acho que toda mulher já passou pela situação que vou relatar: semana passada fui cortar o cabelo e saí do salão insatisfeita: ficou MUITO curto! O cabeleireiro (não sei escrever essa palavra!) se empolgou demais e quem pagou o pato fui eu. Quando vi, meu cabelo tava acima do ombro e eu desejei ardentemente que as tesouras de cabeleireiros tivessem um mecanismo automático que parasse quando o corte chegasse ao comprimento exato. Ou melhor: que existisse um controle remoto para os cabelos cortados e caídos no chão voltarem à cabeça. Ilusão. Era tarde demais e eu fui pra casa sentindo que faltava algo (cabelo, obviamente).



Passados alguns dias, entretanto, eu estava adorando o novo corte! E realmente achei que ficou melhor do que meu cabelo de antes. Loucura? Transtorno bipolar? Pode ser, sou uma pessoa inconstante mesmo... mas descobri que o maior problema não era a falta de cabelo, e sim de costume. Não só minha, o ser humano em geral tem certa resistência a mudanças, às vezes por medo, às vezes por se acomodar à situação em que está. Mas depois que muda, vê que a situação nova é bem melhor e se pergunta: por que eu me prendi àquilo durante tanto tempo? Ou: por que não fiz isso antes?

Eu, quando mudei de escola no colegial, achei que não iria me adaptar e os amigos que fiz lá hoje estão entre os mais verdadeiros que tenho. Quando terminei aquele namoro longo, achei que não conseguiria viver sem meu ex-namorado. Bobagem. Não só consegui viver, como a vida que se seguiu a isso foi muito melhor. Quando comecei a trabalhar e fazer faculdade ao mesmo tempo, pensei que não conseguiria conciliar e hoje tenho até mais responsabilidade e sei aproveitar melhor o tempo do que antes, quando não trabalhava. Tudo falta de costume.

A gente se depara com muitos “cortes de cabelo” ao longo da vida que são irreversíveis e, quer saber? Melhor assim. Depois de um tempo vemos que deveríamos ter usado essas tesouras antes, cortado esses fios que nos amarravam tanto. Toda mudança repentina é um susto, mas as mais bruscas, por mais “cabelo” que nos tirem, são as que mais acrescentam. A gente se adapta a tudo: novos locais, pessoas, ao calor e ao frio. Este último não é psicológico como dizem, mas tenho certeza de que a falta de costume é. E é temporária também, ainda bem. Depois o cabelo cresce de novo. Só não esqueça que ele precisa de um novo corte depois de um tempo.

domingo, 18 de outubro de 2009

Ele

Ele entrou, sorriu e disse oi. E nesse instante todos os outros foram varridos da minha mente como se não existissem. Existem sim, mas são os outros. E não ele. Ele consegue ser exótico mesmo com roupa social, que usa pra tentar disfarçar seu espírito irresponsável e aventureiro. Mesmo espírito que o faz deixar tudo pela metade e fugir de compromissos e responsabilidades. Pra quê? Ele quer se libertar disso tudo e fazer da vida um eterno carnaval. Por que não?

O trânsito do fim da tarde o deixa incrivelmente louco, o farol ficou verde e ele demorou a perceber, estava distraído ao celular. A voz marcante e inconfundível me conquista como se fosse música e faz com que eu a ouça em todo lugar que ele não está. Ele, que assovia música clássica sem motivo algum, apenas pra impedir que o silêncio se apodere do ambiente, mal sabendo que seu encanto já se apoderou de mim.

Ele. Imprevisível, incendiário e inconseqüente. Que numa tarde foi embora dizendo "até amanhã" e sumiu. Sem nem dar tempo pra eu me apaixonar. Desapareceu exatamente quando precisava estar lá. E não voltou mais. Todos os dias o ruído da porta me faz crer que ele voltou. Ilusão. A música clássica que ouço até hoje pelos corredores do prédio são apenas assovios da lembrança. E a voz inconfundível que ecoa em minha memória parece não ter mais dono. Ele sumiu, com a mesma rapidez com que some um relâmpago depois de ter destacado sua luz ofuscante no céu. E com a mesma rapidez foi esquecido, dando lugar aos outros novamente. Tudo acabou antes de começar, mas sempre que sentir saudades, olharei para o céu em um dia chuvoso. De alguma forma ele estará lá. Mesmo que por poucos segundos.


sábado, 10 de outubro de 2009

Uma vida, uma árvore

O clima louco de São Paulo me deixa igualmente maluca. Quarta passada tava um calor infernal de manhã, fui trabalhar com uma roupa leve, de verão. Quando saí dali e fui pra faculdade, à noite, levei um choque térmico: tava um frio congelante, daqueles em que o ar parece estilhaços de vidro cortando seu rosto! Não tinha levado casaco e passei o maior frio! Pra completar, choveu. Cheguei em casa revoltada com essa mudança brusca do tempo. São Paulo às vezes parece que tem transtorno bipolar. Deveriam inventar uma roupa adequável pra todas as estações do ano, térmica, sei lá.
Na verdade toda essa instabilidade se deve ao aquecimento global e o que a humanidade fez até hoje para agravá-lo. Principalmente no que se refere ao desmatamento. Dia desses tava conversando com a Talita, minha amiga que mora em Belo Horizonte e ela me disse que lá tem um projeto chamado “Uma vida, uma árvore”, no qual, para cada criança que nasce na cidade, uma árvore é plantada. Achei o máximo! Primeiro, porque é um modo de nos desculparmos à natureza pelo prejuízo causado com o desmatamento. Depois porque, imagina você ter uma árvore que é “sua” e cresceu junto com você! Que incrível! Esse projeto deveria ser divulgado e adotado pelos demais estados e países (embora que, se isso fosse feito na China, por exemplo, haveria uma superlotação de florestas). Em São Paulo parece que fazem o contrário: uma árvore é derrubada para cada criança que nasce. Só na minha rua, já vi duas serem derrubadas e uma delas é essa da foto, que de tanto cortarem para não atrapalhar a fiação elétrica, acabou morrendo. A sombra dela, projetada na calçada, é a coisa mais horrível de se ver. Parece uma mão estendida, pedindo socorro.

Bizarro é que, hoje em dia até me espanto ao encontrar algum lugar com muito verde, já que é coisa rara de se ver em meio aos tons de cinza da cidade. Dá uma sensação de “nossa, que milagre, ainda existe natureza no mundo!”.

Ontem descobri um site de busca muito interessante, o Eco 4 Planet. Ele usa o buscador Google, e a cada 50 mil pesquisas feitas, uma árvore é plantada. Além disso, a tela preta reduz o consumo de energia do monitor em 20%, se comparado à tela branca. O único problema é que dói um pouco a vista pra ler, mas tudo bem. Divulguem, please. Mesmo que seja tarde pra reverter os danos causados à natureza, pelo menos não vamos piorá-los.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Felicidade encapada

Sou escrava da escrita. Culpa de quem? Da leitura! Desde que aprendi a ler, não parei mais, e isso me influenciou a gostar de escrever. Minha infância foi acompanhada de perto pela Turma da Mônica e eu tinha a mania de ler gibi sentada no sofá, comendo maçã (não me pergunte por que, nem eu sei). Eu lia e relia as mesmas histórias, decorava as falas dos balõezinhos e acredite, usava as expressões e onomatopéias dos quadrinhos (como ARGH!, SNIF, IRC!) na vida real mesmo, na escola, o que fazia com que me interrogassem e achassem (ou tivessem certeza) de que eu era louca.

Depois eu conheci os livros e foi amor à primeira lida, a partir daí minha vida nunca mais foi a mesma. Virei livro-maníaca, fanática compulsiva por leitura, daquelas que passam HORAS em bibliotecas e livrarias (prefiro chamar de 'paraísos'). Acho que a biblioteca foi uma das maiores invenções da humanidade: você adquire conhecimento gratuitamente. Ele está lá, acessível em prateleiras imersas em um ambiente silencioso, que aliás é muito necessário para pessoas como eu, que não conseguem ler em lugares públicos. Talvez porque eu seja muito dispersa, talvez porque o barulho atrapalhe mesmo, não sei. Mas sempre levo um livro na bolsa. E temos uma relação recíproca: eles viajam comigo e eu viajo com eles. Sim, cada livro é uma viagem. E você nunca volta a mesma pessoa depois de uma viagem. Sempre aprende algo, se renova, renasce e expande sua bagagem de informações.

Tenho o desejo secreto de ler todos os livros do mundo, mas claro, não será possível tamanha façanha. Então me contento em ler os que consigo. E cada um eu leio de um jeito: os da faculdade exigem atenção e tenho que ler e reler o mesmo parágrafo diversas vezes pra assimilar o conteúdo. Os da Clarice Lispector (minha escritora favorita) leio avidamente com papel e caneta em mãos, pra extrair todos os trechos que gosto. E tem também aqueles livros chatos, que às vezes a escola ou a faculdade exigem e por cujos assuntos não me interesso. Estes, eu logo olho o número de páginas, querendo acabar logo.

Ultimamente tenho lido um atrás do outro, e às vezes dois ao mesmo tempo (sempe que faço isso, não consigo terminar nenhum). E não é só o conteudo que me atrai: uma capa bonita, o cheiro de folha nova e as imagens (quando tem) me encantam profundamente. Adoro folhear o livro antes de começar a ler, fico imaginando o que virá pela frente em tantas páginas... me envolvo com a história, com o destino dos personagens, como se fosse o meu próprio. Acho que sou a única pessoa que conseguiu chorar lendo Lolita (achei o final triste, poxa!). Por outro lado, me dobrei de rir lendo o conto "A língua do P", de Clarice Lispector, em uma biblioteca, o que bastou para uma moça que olhava a prateleira de livros à frente me olhar torto. Deve ter pensado que eu lia aqueles livros de piadas.

Livros devem ser guardados, bem conservados, preservados. Mas NUNCA emprestados! Que o diga meu Dom Casmurro, que emprestei pruma menina no cursinho e nunca mais vi! Vi outros, em lojas e bibliotecas. Mas não o meu. Aquele tinha valor sentimental. A capa tinha figuras que ilustravam bem os personagens e eu o tinha há muitos anos. Até que Bentinho, Capitu e Escobar foram tirados de mim sem dó nem piedade e não tive mais notícias deles. Muito triste.

Há dias em que quero ler, outros em que quero ser lida. Como hoje, escrevendo este post. E futuramente, espero que escrevendo um livro. Sobre o que ainda não sei, mas até lá eu decido.

Tema sugerido pelo blog Vou de Coletivo!

sábado, 3 de outubro de 2009

Selo amante proibido



Regras:

A- Colocar o selo em seu blog
B- Agradecer o blog que te presenteou: http://entremeios-angela.blogspot.com/
C- Dizer quem seria o seu amante proibido: Tom Cruise, certeza!
D- Passar o prêmio para 10 blogs: (vou passar pra 8 tá?)

1- A Contadora
2- In to My Wild
3- Devaneando
4- Entre um Café e um Bate-Papo
5- Palavreando Su
6- Idéias Largadas
7- Mais uma Vez...
8- Sinapses Involuntárias

sábado, 26 de setembro de 2009

Olhar sem molduras

Como postar no blog quando infinitos trabalhos da faculdade e provas me impedem? Juro que em meio a tantas responsabilidades, sinto uma vontade louca de correr pra escrever aqui! E agora terei menos horas livres: consegui um estágio na minha área. Posso não ter tempo, mas tenho algo mais valioso: felicidade, por estar fazendo o que eu gosto. =)

E sabe, nem vou reclamar dos trabalhos da facul. Semana passada fui ao MASP (Museu de Arte de São Paulo) fazer um deles e tive uma experiência intressante.

Tinha que analisar uma obra do acervo permanete do Museu. Andei um tempo por lá, quando me chamou a atenção um quadro com duas crianças destacadas num fundo escuro. Pronto, era esse que eu iria analisar! "O Duque de Berry e o Conde de Provença Quando Crianças", pintura de François-Hubert Drouais, feita em 1757.

Peguei um bloco de anotações e comecei a escrever as impressões que eu tinha ao olhar pra obra. Mas isso foi se tornando cada vez mais intenso e eu não conseguia mais parar de escrever! Não sei por que, mas analisar este quadro me fez pensar em tantas interpretações possíveis que eu mal conseguia controlar as idéias! Por algum motivo achei que, para o artista, o Conde tinha uma posição superior ao Duque, já que ocupa mais espaço na obra, a cor de suas roupas são mais chamativas, o tecido parece ser melhor e seu olhar passa uma impressão de superioridade e segurança, ao contrário do Duque, cujo olhar é imaturo, é mais baixo que o Conde e se apóia nele com uma das mãos. Sem falar que o Conde segura uma cesta de frutas e possui mais adornos na cabeça. Sim, ele era mais importante. Fiquei até com dó do Duque! Tadinho...

Se fantasiei demais não sei, mas de algum modo essa obra conseguiu produzir em mim sentimentos e deduções que nem sei de onde tirei! Olhando a figura do quadro aqui, na tela do computador, não dá pra ver os detalhes. Mas no museu você percebe que o artista era TÃO bom no que fazia, que ao olhar as roupas das crianças, dá a impressão de não é tinta que tem ali, nas vestimentas, mas seda e veludo, com os adornos em relevo, como se pudessem ser sentidos ao toque! Achei isso uma perfeição extrema! Por instantes senti vontade de tocar no quadro pra ver se não era tecido mesmo! Hahaha! E então recordei a explicação sobre Catarse que um professor deu em aula: segundo ele, a catarse ocorre quando você tem um envolvimento emocional muito intenso com alguma coisa (uma tragédia grega ou obra de arte, por exemplo) e acaba exteriorizando suas emoções por causa disso. Era exatamente o que havia ocorrido quando analisei o quadro! Caramba, o artista tem que ter um dom MUITO divino pra conseguir arrancar sentimentos com sua obra! Ou será a arte por si só a responsável? Não sei. Só sei que pela primeira vez eu 'senti' uma obra de arte. E isso é incrível. Criei uma nova forma de me relacionar com a arte e passei a vê-la com outros olhos: os do coração.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Porque quis

Não fui pra faculdade hoje. Tá frio, chovendo e eu ainda estou em ritmo de final de semana. Por isso preferi passar o último dia de inverno em casa. Raramente falto às aulas, mas às vezes sinto necessidade disso pra poder colocar em dia as matérias, leituras e alguns afazeres caseiros. Em três horas e meia que eu estaria sentada na sala de aula (provavelmente com a atenção vagando pela Lua, como sempre), fico em casa e posso adiantar os trabalhos, ler livros que abandonei e escrever aqui. Vale a pena.

Engraçado é que, quando criança, muitas vezes eu faltava na escola por pura preguiça e quando no dia seguinte perguntavam por que eu havia faltado, morria de vergonha de falar a verdade! Eu ficava horrorizada só de pensar que meus coleguinhas podiam descobrir que faltei porque quis. Magina, o que pensariam de mim? Que eu era uma preguiçosa! Então, eu inventava umas desculpas bem esfarrapadas do tipo "faltei porque tava doente" ou "faltei porque perdi o horário". "Faltei porque quis"? JAMAIS!!

Mas, um belo dia, fui desmascarada em flagrante. Eu estava na primeira série e havia faltado na escola pra passear com minha mãe e fazer compras. Tava toda feliz, voltando a pé pra casa cheia de sacolas na mão quando, de repente, a perua escolar passou justamente na rua em que eu estava! No veículo havia váários colegas de sala que voltavam da escola e me viram lá, passeando toda bela e folgada. Através das janelas da perua, gritavam meu nome e perguntavam: "Por que você faltou hooje???" - gerando um crescente desespero em mim, que fiquei mais vermelha que uma pimenta e apenas lancei um sorriso amarelo pro pessoal. Isso durou poucos segundos, já que a perua escolar passou por mim e foi embora. Mas foi o tempo suficiente de me verem lá e, o pior: descobriram que faltei pra passear. Ou seja, porque quis. E sim, porque era preguiçosa.

É, a mentira tem pernas curtas. Hoje dou boas risadas lembrando desse episódio e vejo como eu era bobona, com medo de descobrirem porque faltei. Criança tem cada uma... e o que mudou na minha vida depois daquele dia? NADA. Ninguém me tratou mal ou me trancou numa cela escrito "VAGAL" por ter faltado porque quis. Ninguém.

A gente cresce e vai ficando "sem-vergonha". Hoje em dia o "faltei porque quis" torna-se uma constante, na medida em que o tempo, a rotina e o cansaço exigem que você tire algum descanso. Hoje é a coisa mais normal do mundo faltar à aula porque está cansado, precisa fazer outras coisas, ou simplesmente pra tirar uma folga da rotina. E foi o que fiz hoje. Sem o mínimo receio de que alguém me pergunte amanhã por que faltei, tanto porque ninguém tá nem aí pra isso.

Não puxei os genes da minha vó. Quando ela faltava à escola e no dia seguinte perguntavam por que, ela respondia: "Não interessa!". Me divirto demais com essa história! Por mais que a resposta dela tenha sido mal educada, não deixa de ter razão. E ela foi sincera (em excesso, mas foi).

O que importa não são os porquês, e sim os para quês. A pergunta deveria ser assim: Para quê você faltou ontem? - A gente sempre falta pra fazer alguma outra coisa (mesmo que seja nada). Hoje faltei para tirar um tempo pra mim, fazer o que gosto e descansar um pouco da correria. Porque quis.

domingo, 13 de setembro de 2009

Que venham os 23!

Ontem fiz 23 anos. E, diferentemente dos anos anteriores em que me achei velha e tals, dessa vez achei normal! Tá bom vai, confesso, não achei tão normal assim. Na verdade achei estranho fazer 23 anos. Por que estranho? Sei lá, demora pra gente se acostumar com a nova idade! Engraçado é que, desde criança, sempre tive duas idades: a real e a da aparência. Não aparento ter mais de vinte nem aqui nem na China! Sempre fui do estilo mignon, baixa e magra. Hoje em dia praticamente todo mundo que conheço me diz que aparento ter 16 anos. Bom ou ruim? Depende do ponto de vista. É ótimo, claro, aparentar ser mais nova e tals, ainda mais quando se passa dos vinte. Mas às vezes enche o saco ter que mostrar a identidade em tudo quanto é canto, em baladas, pra comprar bebida no supermercado, entre outras. Enfim. Hoje em dia já estou acostumada com isso, acho engraçado até.

Mas, incrível como em TODO aniversário eu pago algum mico, faço alguma besteira, algo dá errado ou simplesmente acontece alguma coisa bizarra! É marca registrada dos meus aniversários! E ontem não foi diferente. Ganhei uma cartinha LINDA da Aline e, pouco depois, quando entramos no ônibus, eu, que estava com trocentas coisas na mão, deixei cair a carta em algum lugar que não vi, para o meu desespero geral quando fui procurar mais tarde e não achei. Péssimo! Me senti uma idiota, pedi desculpas mil vezes e, depois disso, percebi que por mais que os anos passem e eu fique mais velha, continuo a mesma pessoa avoada e estabanada de sempre. Esquecendo o que devo fazer, derrubando objetos, tropeçando na rua, perdendo minhas coisas por aí e principalmente, sendo distraída e vivendo no mundo da Lua sempre, sem a mínima atenção às coisas que faço. Juro, eu deveria instalar no meu cérebro uma placa fluorescente, com letras piscando em neon, com os dizeres: "ATENÇÃO! ATENÇÃO!". Mas, enquanto não inventam tecnologias avançadas como essa, me contento com o velho semancol.

A cada aniversário que passa a gente adquire novas qualidade (e defeitos também). Meu desejo de aniversário desse ano foi ser menos desligada daqui pra frente (e aí você me diz 'que desejo mais idiota!'). Sim, concordo, bem idiota! Mas preciso disso mais do que qualquer outro objeto material ou realização pessoal.

Tirando isso, meu aniversário foi ótimo! Rodeado das pessoas que mais amo, mensagens e ligações daqueles que são essenciais na minha vida. Dia de aniversário é mágico, sempre. Você olha a data e sabe que ela é sua, sente uma felicidade inexplicável, o coração bate mais rápido. O que os 23 anos me reservam não sei, mas vou aproveitá-los da forma mais intensa possível! Seja com falta de atenção ou não.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Dias inusitados

Adoro dias inusitados. Aqueles em que acontece tudo - menos o que eu esperava. Na verdade aprendi a gostar deles com o tempo. Juro que antes me irritava profundamente quando as coisas não saíam da forma que eu queria, mas sabe, depois percebi que os acontecimentos inusitados foram bem melhores e mais interessantes do que os que eram esperados. Já aconteceu de eu errar o caminho de uma rua e acabar encontrando uma pessoa que não via há anos e morria de saudades! Também já me ocorreu de topar convites de última hora para lugares onde conheci pessoas que marcaram minha vida.

Esse mês de agosto foi bem assim, inusitado. Duas semanas atrás saí de casa incrivelmente atrasada (como sempre) e encontrei duas amigas da faculdade no metrô, também atrasadas. Depois, uma chuva ao estilo dilúvio fez com que tivéssemos de esperar dentro da estação. Lá, estava lotado de gente e, conversa vai, conversa vem, acabei conhecendo umas pessoas muito legais que estudavam na minha faculdade e eu nem sabia. Perdi a primeira aula, mas conheci gente nova e tive conversas interessantes. Mais tarde, eu planejava (bem sem vontade, digamos) assistir à segunda aula, quando a Grazi apareceu e me chamou pra comemorar o niver dela num barzinho. E a noite terminou com muitas risadas e tequila. MUITO mais divertido do que se eu houvesse tido a habitual rotina de sempre.

No dia seguinte um amigo mandou mensagem no meu celular chamando pruma palestra que eu nem pensava ir. Fui e achei muito legal. Na mesma semana, achei 20 reais esquecidos numa bolsa que eu não usava faz tempo e por conta disso pude ir ao cinema no sábado que eu esperava ficar em casa. Ou seja, naqueles dias NADA aconteceu como eu esperava e exatamente por isso tive uma das melhores semanas do ano.

Depois de tudo isso, fico pensando: será que essas coisas eram pra acontecer mesmo? Ou na verdade cada ato nosso determina o resto do dia (e até da vida)? Quem assistiu ao filme "Corra Lola, corra" sabe do que eu estou falando. Muita gente achou esse filme besta, mas eu adorei! Curto filmes assim, com várias possibilidades pruma mesma história. Porque às vezes por questão de segundos e escolhas repentinas tudo pode mudar.

Por mais que a rotina dite como será a semana, um dia nunca será igual ao outro e esse é o barato da vida. Acordar e não fazer idéia de como será o dia. E se surpreender ao final dele. Faz tempo que parei de planejar as coisas e desde então tenho aproveitado melhor a vida. Dias inusitados me mostraram que por trás do planejamento diário há amigos esquecidos, lugares legais pra ir e coisas interessantes pra fazer. É como se você andasse por um corredor com uma venda nos olhos, de repente tropeçasse, a venda caísse e você percebesse que há várias portas laterais que levam a caminhos mais interessantes. Com isso não digo que se desvie dos objetivos iniciais, mas de vez em quando é bom aproveitar oportunidades bizarras que surgem do nada e quando você menos espera. Tudo o que eu deixei de cumprir rigorosamente, ganhei em momentos emocionantes. E ainda me rendeu um post.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Selo / Prêmio



Ganhei este selo da Ana Lúcia Porto, cujo blog "Entre um Café e um Bate Papo" é ótimo e eu adoro! Recomendo que dêem uma passada lá!

Adorei o selo e ao olhar pra ele me lembro daqueles cupons dourados do filme "A Fantástica Fábrica de Chocolate", talvez por serem bastante parecidos! =)

Bom, agora vamos às regras:

A- Exibir o selo
B- Postar o link de quem lhe deu esse selo:
http://entreumcafeeumbatepapo.blogspot.com/
C- Indicar alguns blogs de sua preferência, para presenteá-los com tal selo:
1-
A Contadora
2-
Idéias Largadas
3-
Fugere Urbem
D - Publicar as regras

sábado, 22 de agosto de 2009

A troco de nada

Depois de eternos meses de férias por causa da gripe suína, as aulas na facul finalmente recomeçaram. De volta às obrigações, horários e afins. Metrô lotado, trânsito caótico e pessoas apressadas pelas ruas: a rotina estressa. Mas incrível, nesses últimos dias venho reparando como há pessoas que não se satisfazem com o stress proporcionado pelo cotidiano e procuram mais, querem mais preocupações, mais problemas e fazem de tudo pra conseguir. As famosas "Em-Busca-de-Confusão" que vemos por aí.

Anteontem, por exemplo. De manhã fui carregar o bilhete único no metrô e notei que a fila não andava de jeito nenhum! Olhei pra cabine onde ficam os funcionários do metrô e vi que a mulher, em vez de carregar o bilhete das pessoas, chorava feito louca e se lamentava com alguém no telefone, em meio a moedas, papéis e clips espalhados pela bancada. Na fila, todos com cara de interrogação sem saber o que acontecia.

Foi quando chegou a causadora-mor da situação: uma outra mulher, duns trinta e poucos anos, empurrando todo mundo, furando fila, apontava furiosamente a funcionária dentro da cabine e gritava: - ELA TÁ ME DEVENDO 85 CENTAVOS DE TROCO E NÃO QUER PAGAR! QUERO O MEU DINHEIRO DE VOLTA AGORA! - e, chamando a funcionária do metrô de "ladra", dizia que isso não ficaria assim, que ela pagaria caro e ainda tentava fazer com que nós, da fila, entrássemos na briga também. Cena patética. Saí dali e fui comprar bilhete em outro lugar. Ao longe, ainda pude ouvir a "madame 85 centavos" gritar: -EU VOU LEVAR ISSO ATÉ AS ÚLTIMAS CONSEQÜÊNCIAS! - e essa frase não me saiu da cabeça o resto do dia. Ficou indo e vindo à minha mente e eu pensava por que as pessoas adoram arrumar briga a troco de nada (inclusive por uns trocados em moeda). Custa resolver as coisas no diálogo? Pelo visto sim. E são essas pessoas, as "até as últimas conseqüências", que provocam brigas de trânsito e guerras. Tudo pelo fato de quererem provar até o fim que seus argumentos e opiniões são melhores.

Horas mais tarde, fui à fisioterapia e lá havia outra pessoa discutindo com todo mundo porque ainda não havia sido atendida. O mais absurdo é que, enquanto ela discutia, havia pessoas em pé porque a bolsa dela ocupava uma cadeira.

Como se não bastasse tudo isso, por incrível coincidência, no dia seguinte eu estava lendo as notícias do portal G1 quando me deparei com essa: "Espanhol faz quebra-quebra em bar porque não gostou das azeitonas." Ahahaha, só pode ser palhaçada! - pensei. Antes fosse! Mas não, era mais um criando caso a troco de azeitonas.

Não costumo dar trela pra gente estressada, inclusive porque geralmente essas discussões por motivos fúteis acabam em nada. "Oh, enriqueci alguns centavos!" ou "Comi azeitonas melhores hoje" não são vantagens que realmente interessem a alguém ou que contribuam para que o mundo continue a girar. São coisas que serão esquecidas no dia seguinte ou na certa virarão motivo de piada. A não ser que sejam levadas até as últimas conseqüências e o pior, a troco de nada.

domingo, 16 de agosto de 2009

Meme do rock

Como a Fran me indicou ao meme, vamos lá!

Confesso que não foi fácil responder, afinal, são inúmeras bandas de rock que eu gosto e deixei vários clássicos de fora. Mas priorizei aquelas com as quais me identifico mais e foram, de alguma forma, trilhas sonoras de minha vida.


Top of My Chart: The Beatles
Best of the Best: Hmm… difícil essa… empate entre Oasis e Aerosmith
Made In Brazil: Os Paralamas do Sucesso (é pop-rock vai, tá valendo!)
A Rock Girl: Shirley Manson
A Rocker Boy: Liam Gallagher
My First Album: The Offspring - Americana
Five Rock Legends: The Beatles, Oasis, U2, Aerosmith, Queen.
Who Brought Rock to My Life: Eu mesma, com grande influência do meu irmão.
An Unknown Rock Band: Kaiser Chiefs
Eu fui: em shows de bandas nacionais.
Eu indico os blogs: que tiverem afim de responder aos itens acima.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Eles merecem!

Dedico a sexta-feira aos agradecimentos.

Ganhei esse selo (muito fofo por sinal) da Lu e adorei! Valeu Lu!

E também agradeço à Fran pela indicação do meme no blog dela! Em breve responderei!

Depois dos agradecimentos, minha vez de indicar 7 blogs para o "Esse blog acerta em cheio". Além das pessoas que já receberam o selo (Lu, Fran e Sara), indico outros merecedores.

São eles:

Pitadas de humor e crítica

Into my Wild

Palavreando Su

Devaneando

São Paulo e suas curiosidades

Pergunte à June Smerth

Custe o que Clippar

Sugiro aos escolhidos que "selem" outros blogs de sua preferência.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Palavras ao vento

As linhas repletas de sentimento, a cada palavra lida o coração pulsa mais forte. Declarações eternas, um futuro planejado e cheio de promessas. Idealizações. Dois anos de namoro rendem lindas cartas de amor. Minhas, dele. Linhas escritas com o coração e com a alma, que pedem para ser relidas diversas vezes. E fazem sonhar.

Palavras escritas muitas vezes surtem mais efeito do que palavras ditas ao pé do ouvido e sempre estarão lá, no papel, quando eu precisar delas para alimentar o sentimento. Os olhos procuram avidamente, percorrem as linhas em busca do que o coração quer sentir novamente: amor. Amor escrito, amor teorizado. E sobretudo vivido.

Mas não eterno. Chega um dia em que o castelo de sonhos desmorona e tudo está terminado. A vontade é pegar as cartas e rasgá-las em mil pedaços, botar fogo, jogar no lixo. Mas não, por algum motivo eu guardo. Porque, de alguma forma, elas são a única coisa concreta que restou de um amor abstrato e de um coração partido. Dessa vez as palavras produzem lágrimas quando lidas novamente. Parecem mentiras.

Depois de tanto tempo encontro as cartas em meio a papéis sem valor: a mesma letra dele, tão familiar em caneta azul, preenche as folhas de caderno dobradas. Folhas cheias de palavras, mas agora vazias de sentimento. O amor passou. A raiva também. E aí eu me pergunto: que sentido têm aquelas palavras agora? Nenhum. Elas não servem mais ao presente como cabiam no passado. Lidas agora, parecem soltas no ar, sem profundidade, sem sentido. Meras palavras jogadas ao vento sem veracidade alguma. Como reler uma carta de amor quando ela está fora do contexto? Talvez agora eu ria, ou finalmente jogue fora. Mas não consigo sentir mais nada, nem saudades. Estou indiferente.

Só não entendo como todo aquele sentimento pôde ser tão transitório! Todo o amor declarado e aparentemente eterno hoje se mostra fugaz, não passa de uma ilusão que brincou com meus sentimentos. Como as coisas podem mudar tanto? Como tudo aquilo podia ser amor... se passou? Então não era amor. Era paixão. Arrebatadora, intensa e camuflada de amor. E o que eu na verdade eu tenho são cartas de paixão. Porque o amor não morre junto com o fim de uma relação. E você só descobre que não era amor quando relê cartas depois de um longo tempo na ausência da pessoa.

Agora faz sentido: tudo o que é transitório e passageiro não pode ser chamado de amor. Nem as cartas. Hoje elas só trazem lembranças que eu quero esquecer. Tornam-se apenas mais algumas folhas de papel ocupando espaço, enquanto podem ser recicladas. Assim como os sentimentos. E a data que vejo no topo da folha prova que o prazo de validade já passou faz tempo. Expirou.
O tempo e a distância são grandes aliados do esquecimento. Ainda bem. Mesmo assim, hoje em dia continuo a mesma, me apaixonando e desapaixonando com freqüência, escrevendo e recebendo cartas, ainda sem saber se é amor. Um dia eu acerto.


Tema sugerido pelo blog Vou de Coletivo.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Crono(i)lógico

Tava dando uma olhada aqui no blog e reparei que ultimamente tenho postado nos mesmos horários, mas com uma precisão incrível! E o mais bizarro: sem perceber. Os horários coincidem muito, inclusive os que são próximos às 2h. Não é á toa, já que eu funciono melhor à noite, mas achei isso engraçado, até parece que eu fico esperando dar certo horário pra clicar no “Publicar Postagem”. Ridículo.

Sei que não tem nada a ver, mas isso me lembrou aquela teoria tosca segundo a qual quando você olha no relógio e as horas e minutos coincidem (tipo 23:23, 10:10, 05:05), a pessoa que você gosta está pensando em você. Engraçado é que comigo é o contrário, toda vez que olho o relógio as horas estão inversas aos minutos, tipo 21:12, 04:40, 10:01. O que seria isso então? Eu pensando na pessoa e a pessoa nem aí pra mim? Quanta bobagem, meu Deus!

Não entendo como essas teorias idiotas impregnam no cérebro e não saem mais! Desde que tomei conhecimento dessa última (e isso foi há uns 3 anos), não consigo mais olhar prum relógio sem pensar tal bobagem! Por mais que você saiba que tudo não passa de uma grande invenção sem fundamento, sempre acaba lembrando dessas teorias. Sempre! Inclusive ao passar por baixo de uma escada, ou numa sexta-feira 13. Você pode não acreditar na superstição, mas você lembra dela. É inevitável. Inevitável ver que sua orelha esquerda tá vermelha e não pensar: Caramba, tem alguém falando mal de mim! – ou então, ao levantar da cama com o pé esquerdo: Putz, ferrou! O dia vai ser uma merda! – ou quando alguém fala algo negativo, sair correndo em direção da mesa da sala e bater na madeira.

Quando criança quebrei sem querer um espelho em pleno Ano Novo e não tive sete anos de azar. Apontei estrelas no céu e não fiquei com verruga no dedo. Pisei em diversos bueiros ao longo da vida e nada de má sorte! (acredite, já ouvi pessoas dizerem que pisar num bueiro dá azar!). E no dia 06/06/06 o mundo não acabou. Acordei pra trabalhar e voltei pra casa sã e salva. Caramba, comecei o post falando de um assunto e terminei com outro nada a ver! Eu e minhas digressões, como sempre! Não consigo evitar... sempre puxo assuntos que derivam de outros. Enfim. Pensando em tudo isso concluí que certas teorias estragam a humanidade. Deixam as pessoas mais bobas e mais suscetíveis a crenças idiotas. Inclusive eu. Só não sei como essas coisas passam a fazer parte da cultura (inútil) popular e são transmitidas durante gerações, sem que ao menos as pessoas se perguntem por quê.

Enquanto isso eu continuo a olhar pro relógio e pensar se Fulano tá pensando em mim. (Fulano tem nome e existe de verdade, só não quero que ele saiba que é o Fulano dos meus textos. Pelo menos por enquanto).

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sementes Cadentes

Abri a gaveta da cômoda e lá estavam elas: as três sementes. O porquê de estarem lá é uma história engraçada. Era uma noite de sexta-feira, em 2006. Saí do trabalho e fui com minha amiga (que hoje é casada e mora em Belo Horizonte) pra Paulista. Passamos no Pão de Açúcar da Consolação, compramos algo pra beber e ficamos sentadas na calçada duma rua de condomínios, onde sempre ficávamos conversando e vendo o povo passar (típico de quem não tem o que fazer!). Daí távamos lá quando, de repente, surge um senhor vindo não se sabe de onde, tira um punhado de sementes do bolso e, com um sotaque meio espanhol, diz que as sementes estão à venda. Mas, segundo ele, não eram sementes comuns: davam sorte e realizavam desejos! - HAHAHA, muito engraçado! – pensei, incrédula.

O tal “sementeiro” disse então que poderíamos dar qualquer quantia em dinheiro por três sementes, sendo um desejo pra cada uma. E que, após serem feitos os desejos, as sementes deveriam ser guardadas ou jogadas num rio. Enquanto ele falava, vi nele certa familiaridade com aqueles personagens de filme que são magos, feiticeiros e coisas do tipo, talvez pelo fato do cara usar barba grande, ter o cabelo já grisalho e tals. Sem falar no ar sinistro que ele tinha. Enfim. Eu tenho certo apreço por excentricidades, achei bem interessante essa história toda e resolvi comprar sim. Dei dois reais pelas três sementes. Minha amiga também comprou.

Cheguei em casa, fiz os pedidos, e como só conheço o Rio Tietê aqui perto (o que seria uma verdadeira crueldade com as sementes), guardei-as uma caixinha dentro da gaveta mesmo. E lá elas ficaram, esquecidas, abandonadas, sem uma única sombra de lembrança, solitárias, pegando poeira, durante anos. Muita coisa aconteceu na minha vida nesse tempo todo, muita coisa mudou, até o dia em que eu abri a gaveta e me assustei ao deparar com três sementes cinzas, com formato de cebola (sim, parecem cebolas em miniatura) lá. “Que isso??” – pensei, horrorizada. Incrível como eu não lembrava! Mas logo me veio à memória o “semeador” e eu lembrei de tudo. Na verdade, o que mais me surpreendeu não foi ter encontrado as sementes lá. E sim, ter me dado conta de que os meus três desejos foram realizados!! INCRÍVEL! Realizaram-se com o decorrer dos anos, aos poucos, lentamente, mas eu nem lembrava mais que tinha pedido essas coisas pra meras sementes compradas na rua a preço de banana!

Hoje essa história me surpreende, muito. Principalmente porque o que eu pedi não eram coisas simples de se conseguir. Não sei o que há nessas sementes com função de estrela-cadente. Juro que tem dias em que eu penso em plantá-las pra ver no que dá, hahahaha! Talvez resulte em um simples legume ou fruto transgênico. Talvez numa árvore. Vai saber. É um tipo de semente diferente, nunca vi até então. Mas uma coisa eu te digo: se você estiver na rua e do nada surgir um cara velho, com sotaque espanhol, vendendo sementes, NÃO PENSE DUAS VEZES PRA COMPRAR! Eu recomendo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Desencana!

Certas coisas na vida parecem ter uma determinada “lei” invisível por trás. Uma delas que venho aprendendo ultimamente é a “desencanar pra conseguir”. Já percebeu que as coisas só dão certo quando você não está se importando com elas? Seja um relacionamento, seja uma vaga de emprego ou até mesmo um problema aparentemente insolúvel: enquanto você busca desesperadamente por uma solução , corre atrás de algo (ou alguém) como louco, procura ansiosamente conseguir o que tanto quer, não dá certo. Mas basta desencanar e PLIM! Tudo se resolve, como num passe de mágicas! E, na maioria das vezes, de forma totalmente inesperada.

Parece até ironia, você alcança um objetivo quando nem se lembra mais que lutou tanto por ele; consegue algo com Fulano quando resolve desistir dele; consegue um emprego fabuloso quando não está mais desempregado. E por aí vai.
Isso tem acontecido muito comigo ultimamente. E aprendi que as coisas só vêm quando você não espera desesperadamente por elas. Quando não vive exclusivamente por elas. Quando você está bem consigo mesmo, despreocupado, não pensa em excesso e nem corre atrás com ansiedade. O melhor é deixar a vida correr e as coisas acontecerem naturalmente, no tempo em que elas têm que acontecer. É uma coisa tão simples e ao mesmo tempo tão difícil de perceber!

Clarice Lispector sabia das coisas quando escreveu: "Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir." ( in A Hora da Estrela). Sim, ela sabia.

Basta desencanar. Desbitolar. Despreocupar.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Clariceanas

Tudo começou com um gosto em comum: Clarice Lispector. E quatro blogueiras: Eu, Francine, Sara e Luciane. Nos conhecemos há algumas semanas e depois de uma longa reunião via msn resovemos pôr a idéia de um blog todo Clariceano em prática. Resultado? http://haia-lispector.blogspot.com/. Um pouco de Clarice, um pouco de nós.
Pra quem gosta de Clarice, pra quem tem interesse em conhecer seus escritos e também pra quem não faz a mínima idéia de quem seja, é só acessar.

Isso prova que a internet pode ser grande aliada de afinidades. =)

"Eu não escrevo por querer não. Eu escrevo porque preciso. Senão o que fazer de mim?"
(Clarice Lispector in "Um sopro de vida")

domingo, 5 de julho de 2009

The book is on the table

Acabou. Depois de anos e anos fazendo inglês, estou formada! Lembro como se fosse hoje, do dia em que fui fazer a matrícula no CNA e ganhei uma vale-celular. Engraçado é que no mesmo dia fui trocar (pobre não pode ver promoção...) e fiquei completamente abismada quando descobri que o modelo de celular que ganhei era um dos mais antigos e zoados da loja! Pior até do que meu próprio celular, que na época já tava beem velho e acabado! E esse que ganhei era tão zoado, que desisti de levar e nem lembro o que fiz com o vale. Acho que se perdeu por aí e perdeu a validade. Bem típico daquelas promoções que a loja faz pra se livrar dos produtos mais antigos que não vendem e ficam anos mofando nas prateleiras, até aparecer uma boboca com um vale-celular ganho numa matrícula do inglês...

Pois é, eu estava matriculada no inglês. E a partir daí muitas águas rolaram! Sabe aquela história de “vai procurar sua turma!”? Foi mais ou menos assim comigo: mudei de turma diversas vezes, em diversos dias da semana e horários. Praticamente uma nômade! Até que finalmente encontrei meu lugar: o pessoal de sábado à tarde, das 14h às 16:30. Tá, eu sei que escolhi o pior dia e horário pra estudar! Como se já não bastasse ser de sábado, ainda eu perderia minhas tardes inteiras ali, trancada numa sala de aula e adeus sábado! Claro, foi dificílimo pra eu lidar com isso no começo, e talvez até por ser um tanto imatura na época, eu vivia cabulando essas aulas e indo pra tudo quanto é lugar longe dali. Mas com o tempo fui percebendo que valia muito a pena ir às aulas, inclusive por causa da turma: um pessoal super animado com quem me identifiquei demais! A professora, idem! Sabe aquelas pessoas que fazem você se sentir bem como se fossem amigos de longas datas? Bem por aí. Desde então minhas tardes não foram mais perdidas e eu enfim percebi que o que na verdade ganhei ao me matricular ali não foi um mero vale-celular, mas sim amizades importantíssimas, principalmente a Rayane, que é tão parecida comigo que poderíamos ser irmãs! (aliás, Ray, só a gente sabe o aperto que passou com aqueles vestidos no Cultural Day hein! Hahahaha!).

Hoje, dia 4 (tá, já passou da meia-noite, mas pra mim é dia 4 porque ainda não fui dormir) foi a última aula. Triste, meio que em clima de despedida. Terça que vem é a formatura e depois disso já não sei se a turma será tão unida. Mas uma coisa é certa: meus sábados já não serão mais os mesmos sem esse pessoal. Não mesmo.

sábado, 27 de junho de 2009

Óinc! Óinc!

É... a gripe suína chegou lá na Cásper!
Engraçado é que a gente vê na TV e não imagina o quanto o vírus pode estar perto...
Mas, porém, contudo, entretanto, todavia...tudo tem o seu lado bom: devido aos dois casos de gripe lá na facul, as férias foram antecipadas! Uhuuul! \o/ Melhor, impossível! =D
Há males que vêm para o bem né!

E caramba, Michael Jackson morreu DU NADA ontem! Como pode?
Estranho ver essas coisas, o cara é um ícone, c nunca vai esperar que ele morra, por mais humano que seja!
Fiquei sabendo da notícia por msn e achei que fosse brincadeira...

Enfim, só tenho a dizer que essa quinta (anteontem) foi muito bizarra, com essas notícias inesperadas. Eu hein!


Mais sobre a gripe na Cásper

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Coluna de Ferro

25 parafusos, duas hastes de titânio e uma cicatriz tamanho família: resultado de uma cirurgia pra corrigir uma escoliose que eu tinha deeesde os 14 anos. Para uma pessoa extremamente (e eleve isso ao cubo) medrosa como eu, operar era uma opção totalmente fora de cogitação. Mas com o tempo a gente vai aprendendo que certas coisas são necessárias, mesmo que a gente não queira, e que às vezes a coisa mais difícil e a certa são a mesma. Por isso decidi operar.

Em meio a muitos confetes e serpentinas (era carnaval, dia 20 de fevereiro), lá fui eu pro hospital. Certeza q foi o carnaval mais bizarro que já tive. Mas muy interessante, em matéria de aprendizado. No dia seguinte, depois de 8 horas de cirurgia, eu era uma nova pessoa com uma nova coluna. Acordei na UTI do Nove de Julho com zilhões de aparelhos conectados em mim, falando um monte de merda por causa do efeito da anestesia (acredite: eu pedi guaraná depois que acordei!) e vendo desfiles de escola de samba na tevê contra a minha vontade (o controle remoto estava em lugar inalcançável).

Quarto 1016. Da cama, eu podia ver pela janela diversos helicópteros pousando no topo dos prédios ao redor, passatempo muito divertido pra quem não pode se mexer muito. Remédios de hora em hora, visitas todo dia, rotina típica de hospital. Mas as noites eram difíceis ali, já que eu NUNCA conseguia dormir! Tanto pelo incômodo causado pelos novos “apetrechos” na minha coluna, como também devido aos milhões de pensamentos que iam e vinham à minha mente.

Era uma vida nova sim. Com muitas dores, às vezes insuportáveis a ponto de eu não conseguir ficar mais de 10 segundos em pé ou sentada. Mas com o tempo foi melhorado e eu descobri que a gente consegue suportar mais coisas do que imagina e é muito mais forte do que pensa. Aprendi muita coisa nos 12 dias em que fiquei internada. Passei a depender das pessoas (inclusive minha família, que estava sempre presente) pra TUDO, sendo que eu nunca gostei de depender dos outros pra nada. Aprendi a sentar e a andar de novo, e no dia em que fiz isso não tinha equilíbrio algum sobre meu corpo e mesmo assim achei maravilhoso! Passei a dar valor às coisas mais simples possíveis, às quais muitas vezes não damos a devida importância por fazê-las de modo tão natural e automático no dia-a-dia. E o mais importante: aprendi a ter paciência, coisa que nunca tive.

Enfim, foi como se eu tivesse renascido. Na quarta-feira, dia 4 de março, tive alta e saí do hospital mais alta (sim, eu cresci 6 centímetros depois da cirurgia, porque os médicos esticaram minha coluna de volta ao lugar). Como sentia muitas dores pra andar, voltei pra casa de ambulância (o que foi uma experiência única!), para a felicidade geral dos fofoqueiros do meu bairro que logo saíram às janelas para ver o que acontecia, hahahaha!


E assim virei uma “coluna de ferro”. Perdoem o texto gigantesco, mas a importância deste episódio pra mim é de igual tamanho, por isso eu tinha que relatá-lo aqui. Ganhei uma experiência de vida única e milhares de histórias de hospital pra contar. Além, claro, de uma nova vida.

Dois meses e meio de operada e muito feliz, voltando aos poucos à vida normal. Acho que isso basta. =)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Um quase-carnaval

Tinta. Tubo gigante de cola. Café. Farinha. Purpurina dourada voando pelo ar. Barbante amarrando seres que acabaram de se conhecer. Tesoura. Esmalte no cabelo. Reclamações. Risadas. Apelidos ridículos. A bateria tocando as músicas de sempre. Público grande assistindo. Semáforo. Pagação de mico. Dinheiro . Quadra pequena e apertada. Bebida. Integração.

Carnaval?

Escolas de samba?

Não, não. Apenas mais uma edição do trote da faculdade.

sábado, 31 de janeiro de 2009

(Im)Paciência


Paciência. Que vem a ser isso? É de comer? Até hoje desconheço. Acho que nunca tive. Com certeza esqueci de pegar a ficha da paciência antes de vir aqui pra Terra. Eu quero tudo e quero AGORA, odeio esperar! E parece ironia, mas tudo, eu disse TUDO na minha vida tive que esperar um longo tempo até conseguir! Minha faculdade por exemplo. Não sei se é burrice, mas tive que tentar 3 anos até conseguir entrar. E hoje em dia estou esperando há séculos pra fazer uma cirurgia que não sai do papel.

Tenho aprendido muito com isso, mas continuo impaciente. E essas situações ocorrem exatamente pra eu saber lidar com o tempo e a espera, coisa que pra mim é mais complexa do que matemática!


Mas um dia eu aprendo (ou não!)


P.S: é necessária uma paciência de Jó pra ler os posts desse blog, que são enormes!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Diferente e original

Dia desses, revirando em algumas pastas minha papelada, deparei-me com uma redação que guardei desde a época do cursinho.

A redação não é minha, foi feita por uma aluna do curso de Letras, da UFPE Universidade Federal de Pernambuco) que obteve vitória em um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.

Lembro que um professor de gramática do cursinho leu essa redação numa de suas aulas, e eu achei muy interessante! Tanto, que resolvi publicá-la aqui. Aí vai ela:

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador... Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.

Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa.

Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando...ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo. Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar...ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.

Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.

Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular: ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente... Era o verbo auxiliar do edifício ! Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente ! Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.

Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.”
 
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