terça-feira, 6 de outubro de 2009

Felicidade encapada

Sou escrava da escrita. Culpa de quem? Da leitura! Desde que aprendi a ler, não parei mais, e isso me influenciou a gostar de escrever. Minha infância foi acompanhada de perto pela Turma da Mônica e eu tinha a mania de ler gibi sentada no sofá, comendo maçã (não me pergunte por que, nem eu sei). Eu lia e relia as mesmas histórias, decorava as falas dos balõezinhos e acredite, usava as expressões e onomatopéias dos quadrinhos (como ARGH!, SNIF, IRC!) na vida real mesmo, na escola, o que fazia com que me interrogassem e achassem (ou tivessem certeza) de que eu era louca.

Depois eu conheci os livros e foi amor à primeira lida, a partir daí minha vida nunca mais foi a mesma. Virei livro-maníaca, fanática compulsiva por leitura, daquelas que passam HORAS em bibliotecas e livrarias (prefiro chamar de 'paraísos'). Acho que a biblioteca foi uma das maiores invenções da humanidade: você adquire conhecimento gratuitamente. Ele está lá, acessível em prateleiras imersas em um ambiente silencioso, que aliás é muito necessário para pessoas como eu, que não conseguem ler em lugares públicos. Talvez porque eu seja muito dispersa, talvez porque o barulho atrapalhe mesmo, não sei. Mas sempre levo um livro na bolsa. E temos uma relação recíproca: eles viajam comigo e eu viajo com eles. Sim, cada livro é uma viagem. E você nunca volta a mesma pessoa depois de uma viagem. Sempre aprende algo, se renova, renasce e expande sua bagagem de informações.

Tenho o desejo secreto de ler todos os livros do mundo, mas claro, não será possível tamanha façanha. Então me contento em ler os que consigo. E cada um eu leio de um jeito: os da faculdade exigem atenção e tenho que ler e reler o mesmo parágrafo diversas vezes pra assimilar o conteúdo. Os da Clarice Lispector (minha escritora favorita) leio avidamente com papel e caneta em mãos, pra extrair todos os trechos que gosto. E tem também aqueles livros chatos, que às vezes a escola ou a faculdade exigem e por cujos assuntos não me interesso. Estes, eu logo olho o número de páginas, querendo acabar logo.

Ultimamente tenho lido um atrás do outro, e às vezes dois ao mesmo tempo (sempe que faço isso, não consigo terminar nenhum). E não é só o conteudo que me atrai: uma capa bonita, o cheiro de folha nova e as imagens (quando tem) me encantam profundamente. Adoro folhear o livro antes de começar a ler, fico imaginando o que virá pela frente em tantas páginas... me envolvo com a história, com o destino dos personagens, como se fosse o meu próprio. Acho que sou a única pessoa que conseguiu chorar lendo Lolita (achei o final triste, poxa!). Por outro lado, me dobrei de rir lendo o conto "A língua do P", de Clarice Lispector, em uma biblioteca, o que bastou para uma moça que olhava a prateleira de livros à frente me olhar torto. Deve ter pensado que eu lia aqueles livros de piadas.

Livros devem ser guardados, bem conservados, preservados. Mas NUNCA emprestados! Que o diga meu Dom Casmurro, que emprestei pruma menina no cursinho e nunca mais vi! Vi outros, em lojas e bibliotecas. Mas não o meu. Aquele tinha valor sentimental. A capa tinha figuras que ilustravam bem os personagens e eu o tinha há muitos anos. Até que Bentinho, Capitu e Escobar foram tirados de mim sem dó nem piedade e não tive mais notícias deles. Muito triste.

Há dias em que quero ler, outros em que quero ser lida. Como hoje, escrevendo este post. E futuramente, espero que escrevendo um livro. Sobre o que ainda não sei, mas até lá eu decido.

Tema sugerido pelo blog Vou de Coletivo!

11 perdidos por aqui:

Ana Filipa Oliveira disse...

Gostei de passar pelo seu blog. Temos algumas coisas em comum, para além de termos participado na blogagem colectiva. Uma delas é sermos estudantes (já fui de 1998-2002!) de Jornalismo (no meu caso Ciências da Comunicação, especialização Jornalismo Audiovisual) e outra é querermos publicar um livro, mas ainda não saber bem sobre o quê, como e quando. Ora, já escrevi sobre o assunto em Coisas Banais, com o post O Meu Livro. Passe por lá!

Ginger disse...

Confesso que também gosto de livros com gravuras e com capas bonitas. :p
Não é chato lermos um livro fantástico mas com uma capa horrorosa? :s


Kiss*

angela disse...

Karina
Delicia de depoimento sobre esse amor que a maioria de nós que aqui esta, na blogosfera, tem.
Turma da Monica e maçã....tem os que gostam de chocolate, os da pipoca, os de qualquer petisquinho.
Nossas manias que nos assemelham e nos distinguem.
beijos

Lu disse...

Oi Ká! Ler é mesmo uma viagem, tb adoro, mas diferente de vc eu consigo ler em locais publicos, entro no livro e já era rsrs
beijos

Giuliano disse...

Divertidíssimo descobrir as manias alheias e relembrar as suas.


Bom texto, e uma qualidade dele é a brevidade.

Francine disse...

Flor, estou adorando cada vez mais o seu blog. Engraçado que agora que vc tem pouco tempo seus textos estão mais legais ainda ;)

bjos!!!

J Araújo disse...

Está no curso certo, e aqui já tem condições de demostrar toda sua veia jornalística.

Bj

Unknown disse...

Karina
Você escreve muito bem, amei!
Quer dizer que quer ler todos os livros do mundo...hummm, aceita companhia para esta façanha?

beijos e parabéns

Clara Sousa disse...

ah1 também o que me chama a tenção nos livros é a capa, acho assim que funciona como uma primeira impressão, ah! o cheiro das paginas eu amoo cheiro de novo...até mesmo aqueles que não são tão novos. já vi que temos algumas coisas em comum, como tbm a questão do emprestar né não rola, já perdi alguns livros tbm até aprender,"marido e livro não se empresta" rs!
beijos

lis disse...

Muito bom texto . O amor pelos livros é uma recíproca, também adoro.Como voce quase que nao consigo ficar um dia sem eles.
Essa blogagem oportuniza o conhecimento de outros blogs e torna agradável a troca.
Um abraço e qdo puider apareça no flor de lis.
com abraços

Mariana disse...

Entendo bem o que vc disse sobre os livros, Ká, principalmente a parte sobre o cheiro deles. Adoro cheiro de livro, novo e velho. E por incrível que pareça, eu tbm "aprendi" a ler com gibis da Turma da Mônica... E dei sorte, meu avô era professor de português, então o quartinho de empregada da casa dele foi adaptado em uma "biblioteca" particular. Passava horas lá, qdo criança, escolhendo o que ia ler, e confesso que até hoje ainda faço isso, de vez em quando...
Obrigada pelo selo, assim que chegar em casa vou colar no meu blog!

Saudades, beijão!

 
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