sábado, 31 de outubro de 2009

Corte e Costume

Acho que toda mulher já passou pela situação que vou relatar: semana passada fui cortar o cabelo e saí do salão insatisfeita: ficou MUITO curto! O cabeleireiro (não sei escrever essa palavra!) se empolgou demais e quem pagou o pato fui eu. Quando vi, meu cabelo tava acima do ombro e eu desejei ardentemente que as tesouras de cabeleireiros tivessem um mecanismo automático que parasse quando o corte chegasse ao comprimento exato. Ou melhor: que existisse um controle remoto para os cabelos cortados e caídos no chão voltarem à cabeça. Ilusão. Era tarde demais e eu fui pra casa sentindo que faltava algo (cabelo, obviamente).



Passados alguns dias, entretanto, eu estava adorando o novo corte! E realmente achei que ficou melhor do que meu cabelo de antes. Loucura? Transtorno bipolar? Pode ser, sou uma pessoa inconstante mesmo... mas descobri que o maior problema não era a falta de cabelo, e sim de costume. Não só minha, o ser humano em geral tem certa resistência a mudanças, às vezes por medo, às vezes por se acomodar à situação em que está. Mas depois que muda, vê que a situação nova é bem melhor e se pergunta: por que eu me prendi àquilo durante tanto tempo? Ou: por que não fiz isso antes?

Eu, quando mudei de escola no colegial, achei que não iria me adaptar e os amigos que fiz lá hoje estão entre os mais verdadeiros que tenho. Quando terminei aquele namoro longo, achei que não conseguiria viver sem meu ex-namorado. Bobagem. Não só consegui viver, como a vida que se seguiu a isso foi muito melhor. Quando comecei a trabalhar e fazer faculdade ao mesmo tempo, pensei que não conseguiria conciliar e hoje tenho até mais responsabilidade e sei aproveitar melhor o tempo do que antes, quando não trabalhava. Tudo falta de costume.

A gente se depara com muitos “cortes de cabelo” ao longo da vida que são irreversíveis e, quer saber? Melhor assim. Depois de um tempo vemos que deveríamos ter usado essas tesouras antes, cortado esses fios que nos amarravam tanto. Toda mudança repentina é um susto, mas as mais bruscas, por mais “cabelo” que nos tirem, são as que mais acrescentam. A gente se adapta a tudo: novos locais, pessoas, ao calor e ao frio. Este último não é psicológico como dizem, mas tenho certeza de que a falta de costume é. E é temporária também, ainda bem. Depois o cabelo cresce de novo. Só não esqueça que ele precisa de um novo corte depois de um tempo.

domingo, 18 de outubro de 2009

Ele

Ele entrou, sorriu e disse oi. E nesse instante todos os outros foram varridos da minha mente como se não existissem. Existem sim, mas são os outros. E não ele. Ele consegue ser exótico mesmo com roupa social, que usa pra tentar disfarçar seu espírito irresponsável e aventureiro. Mesmo espírito que o faz deixar tudo pela metade e fugir de compromissos e responsabilidades. Pra quê? Ele quer se libertar disso tudo e fazer da vida um eterno carnaval. Por que não?

O trânsito do fim da tarde o deixa incrivelmente louco, o farol ficou verde e ele demorou a perceber, estava distraído ao celular. A voz marcante e inconfundível me conquista como se fosse música e faz com que eu a ouça em todo lugar que ele não está. Ele, que assovia música clássica sem motivo algum, apenas pra impedir que o silêncio se apodere do ambiente, mal sabendo que seu encanto já se apoderou de mim.

Ele. Imprevisível, incendiário e inconseqüente. Que numa tarde foi embora dizendo "até amanhã" e sumiu. Sem nem dar tempo pra eu me apaixonar. Desapareceu exatamente quando precisava estar lá. E não voltou mais. Todos os dias o ruído da porta me faz crer que ele voltou. Ilusão. A música clássica que ouço até hoje pelos corredores do prédio são apenas assovios da lembrança. E a voz inconfundível que ecoa em minha memória parece não ter mais dono. Ele sumiu, com a mesma rapidez com que some um relâmpago depois de ter destacado sua luz ofuscante no céu. E com a mesma rapidez foi esquecido, dando lugar aos outros novamente. Tudo acabou antes de começar, mas sempre que sentir saudades, olharei para o céu em um dia chuvoso. De alguma forma ele estará lá. Mesmo que por poucos segundos.


sábado, 10 de outubro de 2009

Uma vida, uma árvore

O clima louco de São Paulo me deixa igualmente maluca. Quarta passada tava um calor infernal de manhã, fui trabalhar com uma roupa leve, de verão. Quando saí dali e fui pra faculdade, à noite, levei um choque térmico: tava um frio congelante, daqueles em que o ar parece estilhaços de vidro cortando seu rosto! Não tinha levado casaco e passei o maior frio! Pra completar, choveu. Cheguei em casa revoltada com essa mudança brusca do tempo. São Paulo às vezes parece que tem transtorno bipolar. Deveriam inventar uma roupa adequável pra todas as estações do ano, térmica, sei lá.
Na verdade toda essa instabilidade se deve ao aquecimento global e o que a humanidade fez até hoje para agravá-lo. Principalmente no que se refere ao desmatamento. Dia desses tava conversando com a Talita, minha amiga que mora em Belo Horizonte e ela me disse que lá tem um projeto chamado “Uma vida, uma árvore”, no qual, para cada criança que nasce na cidade, uma árvore é plantada. Achei o máximo! Primeiro, porque é um modo de nos desculparmos à natureza pelo prejuízo causado com o desmatamento. Depois porque, imagina você ter uma árvore que é “sua” e cresceu junto com você! Que incrível! Esse projeto deveria ser divulgado e adotado pelos demais estados e países (embora que, se isso fosse feito na China, por exemplo, haveria uma superlotação de florestas). Em São Paulo parece que fazem o contrário: uma árvore é derrubada para cada criança que nasce. Só na minha rua, já vi duas serem derrubadas e uma delas é essa da foto, que de tanto cortarem para não atrapalhar a fiação elétrica, acabou morrendo. A sombra dela, projetada na calçada, é a coisa mais horrível de se ver. Parece uma mão estendida, pedindo socorro.

Bizarro é que, hoje em dia até me espanto ao encontrar algum lugar com muito verde, já que é coisa rara de se ver em meio aos tons de cinza da cidade. Dá uma sensação de “nossa, que milagre, ainda existe natureza no mundo!”.

Ontem descobri um site de busca muito interessante, o Eco 4 Planet. Ele usa o buscador Google, e a cada 50 mil pesquisas feitas, uma árvore é plantada. Além disso, a tela preta reduz o consumo de energia do monitor em 20%, se comparado à tela branca. O único problema é que dói um pouco a vista pra ler, mas tudo bem. Divulguem, please. Mesmo que seja tarde pra reverter os danos causados à natureza, pelo menos não vamos piorá-los.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Felicidade encapada

Sou escrava da escrita. Culpa de quem? Da leitura! Desde que aprendi a ler, não parei mais, e isso me influenciou a gostar de escrever. Minha infância foi acompanhada de perto pela Turma da Mônica e eu tinha a mania de ler gibi sentada no sofá, comendo maçã (não me pergunte por que, nem eu sei). Eu lia e relia as mesmas histórias, decorava as falas dos balõezinhos e acredite, usava as expressões e onomatopéias dos quadrinhos (como ARGH!, SNIF, IRC!) na vida real mesmo, na escola, o que fazia com que me interrogassem e achassem (ou tivessem certeza) de que eu era louca.

Depois eu conheci os livros e foi amor à primeira lida, a partir daí minha vida nunca mais foi a mesma. Virei livro-maníaca, fanática compulsiva por leitura, daquelas que passam HORAS em bibliotecas e livrarias (prefiro chamar de 'paraísos'). Acho que a biblioteca foi uma das maiores invenções da humanidade: você adquire conhecimento gratuitamente. Ele está lá, acessível em prateleiras imersas em um ambiente silencioso, que aliás é muito necessário para pessoas como eu, que não conseguem ler em lugares públicos. Talvez porque eu seja muito dispersa, talvez porque o barulho atrapalhe mesmo, não sei. Mas sempre levo um livro na bolsa. E temos uma relação recíproca: eles viajam comigo e eu viajo com eles. Sim, cada livro é uma viagem. E você nunca volta a mesma pessoa depois de uma viagem. Sempre aprende algo, se renova, renasce e expande sua bagagem de informações.

Tenho o desejo secreto de ler todos os livros do mundo, mas claro, não será possível tamanha façanha. Então me contento em ler os que consigo. E cada um eu leio de um jeito: os da faculdade exigem atenção e tenho que ler e reler o mesmo parágrafo diversas vezes pra assimilar o conteúdo. Os da Clarice Lispector (minha escritora favorita) leio avidamente com papel e caneta em mãos, pra extrair todos os trechos que gosto. E tem também aqueles livros chatos, que às vezes a escola ou a faculdade exigem e por cujos assuntos não me interesso. Estes, eu logo olho o número de páginas, querendo acabar logo.

Ultimamente tenho lido um atrás do outro, e às vezes dois ao mesmo tempo (sempe que faço isso, não consigo terminar nenhum). E não é só o conteudo que me atrai: uma capa bonita, o cheiro de folha nova e as imagens (quando tem) me encantam profundamente. Adoro folhear o livro antes de começar a ler, fico imaginando o que virá pela frente em tantas páginas... me envolvo com a história, com o destino dos personagens, como se fosse o meu próprio. Acho que sou a única pessoa que conseguiu chorar lendo Lolita (achei o final triste, poxa!). Por outro lado, me dobrei de rir lendo o conto "A língua do P", de Clarice Lispector, em uma biblioteca, o que bastou para uma moça que olhava a prateleira de livros à frente me olhar torto. Deve ter pensado que eu lia aqueles livros de piadas.

Livros devem ser guardados, bem conservados, preservados. Mas NUNCA emprestados! Que o diga meu Dom Casmurro, que emprestei pruma menina no cursinho e nunca mais vi! Vi outros, em lojas e bibliotecas. Mas não o meu. Aquele tinha valor sentimental. A capa tinha figuras que ilustravam bem os personagens e eu o tinha há muitos anos. Até que Bentinho, Capitu e Escobar foram tirados de mim sem dó nem piedade e não tive mais notícias deles. Muito triste.

Há dias em que quero ler, outros em que quero ser lida. Como hoje, escrevendo este post. E futuramente, espero que escrevendo um livro. Sobre o que ainda não sei, mas até lá eu decido.

Tema sugerido pelo blog Vou de Coletivo!

sábado, 3 de outubro de 2009

Selo amante proibido



Regras:

A- Colocar o selo em seu blog
B- Agradecer o blog que te presenteou: http://entremeios-angela.blogspot.com/
C- Dizer quem seria o seu amante proibido: Tom Cruise, certeza!
D- Passar o prêmio para 10 blogs: (vou passar pra 8 tá?)

1- A Contadora
2- In to My Wild
3- Devaneando
4- Entre um Café e um Bate-Papo
5- Palavreando Su
6- Idéias Largadas
7- Mais uma Vez...
8- Sinapses Involuntárias
 
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